Mário Celso Petraglia frequenta o noticiário esportivo há mais de uma década e meia. Já se falou absolutamente tudo sobre Petraglia. Do seu gênio, da sua visão, da relação complicada com a imprensa, da relação passional com a torcida, das brigas dentro do clube, das brigas fora do clube, dos negócios envolvendo empresários, parceiros, familiares. Impressionante que mesmo com tamanha superexposição – maior que a de qualquer outro dirigente que o futebol do estado já teve – seja simplesmente impossível prever qual Mário Celso Petraglia assume a presidência do Atlético pelos próximos três anos.
O saldo de Petraglia no Atlético é positivo. Coordenou todo o processo de transformação do Furacão em um dos novos grandes do País, com títulos e crescimento patrimonial invejável. Os últimos anos do petraglismo foram sofríveis dentro de campo, fora “sacadas” que expuseram o clube ao ridículo, caso da contratação de Lothar Matthäus.
Se a análise do Petraglia que volta à presidência dependesse apenas destes 13 anos, seria fácil chegar a uma conclusão. O que complica são os três anos longe do poder. A maneira como Petraglia encarou o exílio irá dimensionar a chance de as coisas darem certo no clube.
É nítido o rancor de Petraglia com Malucelli e todos aqueles que se aliaram a ele. Um rancor compreensível. Ficou acertado que Petraglia cuidaria de uma série de áreas estratégicas, deixando Malucelli como uma rainha da Inglaterra. O trato foi desfeito e Petraglia estrilou. (E aqui não exerço nenhum juízo de valor quanto a ser adequada ou não a divisão de poderes acertada entre os dirigentes)
Problema será se o rancor for a bússola da nova gestão de Petraglia. O verniz paz e amor que o dirigente passou em si mesmo durante a campanha (simbolizado pela aliança com a Fanáticos) rachou no primeiro momento de crise. No início da semana, quando confrontado com revelações sobre negócios opacos com Juan Figer, preferiu atacar a explicar. Um mau sinal.
Petraglia tem uma quantia significativa de dinheiro público nas mãos para investir na Arena. Explicar o destino de cada centavo é obrigação, não é favor. Ele também será cobrado para cumprir a promessa de retomar o crescimento do Atlético dentro e fora do campo. Cobrança que virá da imprensa, da torcida e dos associados. E não adiantará recorrer às ladainhas dos “vendilhões do templo” ou do “preferem aqueles que rebaixaram o Atlético?”.
O futebol que Petraglia reencontra é bem diferente daquele de três anos atrás. Quem é grande hoje no futebol brasileiro tem no comando dirigentes que, gostando ou não, sabem conviver com diferenças de opinião. Os coronéis saíram de cena melancolicamente. Perrela foi o último, Ricardo Teixeira será o próximo. Perceber essa mudança e deixar qualquer rancor de lado será fundamental para Petraglia entregar o CAP Gigante que prometeu aos torcedores.
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