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Ricardo Teixeira seria o nome ideal para batizar o monstrengo que pode substituir o Brasileirão em 2014. (Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)
Ricardo Teixeira seria o nome ideal para batizar o monstrengo que pode substituir o Brasileirão em 2014. (Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)| Foto:
Ricardo Teixeira seria o nome ideal para batizar o monstrengo que pode substituir o Brasileirão em 2014. (Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

Ricardo Teixeira seria o nome ideal para batizar o monstrengo que pode substituir o Brasileirão em 2014. (Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

A ilha da fantasia em que vive o futebol brasileiro tomou um choque de realidade nesta sexta-feira, com as decisões favoráveis a Flamengo e Portuguesa na Justiça Comum. É a prevalência do óbvio: uma legislação federal está cima de um código administrativo, no caso o CBJD. Castigo merecido para o legalismo conveniente do STJD no julgamento do caso Héverton.

 

Fosse o futebol brasileiro minimamente sério, as duas decisões desta sexta-feira pavimentariam uma mudança na estrutura da Justiça Desportiva e outra no modelo operacional da CBF. Se o STJD é incapaz de julgar com justiça¹, levando em conta elementos básicos como intenção de dolo e razoabilidade, se prega apenas a aplicação literal da lei, então não há razão para existir. Mais vale ter uma simplificação das penas para a maioria dos casos, a ponto de elas serem aplicadas automaticamente, e uma comissão disciplinar (independente de fato) que julgue casos realmente graves e polêmicos.

 

No caso da CBF, a chegada ao século 21 é urgente. Súmula eletrônica, sistema que bloqueie a escalação de jogador suspenso, publicação online e imediata das punições… Medidas simples em qualquer campeonato de paróquia, mas inatingíveis para a milionária CBF.

 

Para o Fluminense, a saída é mais simples. Aceitar o castigo imposto por sua incompetência em campo, reconhecer que o erro da Portuguesa merece punição, mas não algo que resulte em rebaixamento, e jogar a Série B.

 

Impossível? A ESPN tem mostrado há algumas semanas o documentário Inferno do Rangers, que narra a queda de um dos mais populares clubes da Escócia à quarta divisão, por má gestão. A falência deixou o clube diante de duas opções: recomeçar a na última divisão profissional ou mendigar para os rivais a permanência na Scottish Premier League. Consultados, os torcedores preferiram descer ao sub-solo do futebol escocês e voltar em campo, em um processo de purificação.

 

Fosse o futebol brasileiro sério, veríamos o mesmo acontecer por aqui e o Brasileirão-2014 se desenrolaria com 20 times. Como falta seriedade no futebol e no país, veremos mais uma série de liminares reordenando a classificação do Nacional do ano passado. Quando o impasse parecer insolúvel, Vasco, Ponte Preta e Náutico se verão no mesmo direito de jogar a Série A que os outros clubes.

 

Um remake dispensável da Copa João Havelange, com 24 participantes, organizado por uma liga de clubes e, por que não, com o nome de Copa Ricardo Teixeira. Seria uma homenagem justa a quem sempre se serviu do STJD e resgatou José Maria Marín sabe-se lá de qual beco. E, podem apostar, ainda haverá quem comemore a brecha para a volta dos pontos corridos², a presença de todos grandes do futebol brasileiro, a criação da liga e, não duvidem, até mesmo um pretexto para encaixar o calendário daqui no europeu, com um Brasileirão 2014/15.

 

Maldito futebol em que, mesmo quando a justiça põe as coisas no devido lugar, a sensação é de que todos sairão derrotados.

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¹ Como saí de férias logo após o Brasileiro, não cheguei a escrever sobre o caso Heverton. Em resumo, penso o seguinte. A Portuguesa errou e merece ser punida como alguém comete um crime sem intenção de dolo. A razoabilidade recomenda que se observe a consequência de uma pena. A punição imposta pelo STJD ignora a ausência de dolo e leva a uma consequência desproporcional, o rebaixamento. Perda de quatro pontos para a próxima edição estaria de ótimo tamanho.

 

² Defendo a volta dos mata-matas por questões muito mais econômicas do que esportivas. Resgatar a fórmula na carona de um escândalo jurídico seria um oportunismo vergonhoso.

 

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