Arthur Bernardes e Marquinhos Santos vão segurar o máximo possível a escalação para o Atletiba. Não pelo mistério. As opções estão mais do que claras. É impossível surpreender o outro lado na escalação. Mas há alternativas que merecem ser estudadas pelos treinadores antes de bater o martelo em cima do time titular.
Enquanto não sai a papeleta, é possível especular com base no que os times apresentaram na primeira fase e – no caso do Coritiba – nos treinamentos e nas entrevistas de Marquinhos Santos. Então, mãos à obra, começando pelo mandante.
Meio com dois volantes cascudos
O Atlético tem um desfalque: Héracles, lateral-esquerdo, suspenso. Da posição tem Anderson Tasca e Myller Alves. Porém, acredito mais na improvisação de Léo, que fez a esquerda no sub-23 e no time principal, com a entrada de Renato na direita. O time ganha no passe e na capacidade de armação com Renato, além de uma alternativa de troca de posição com Hernani. Me prenderei, então, a onde realmente vejo dúvida, o meio-campo.
Renan Foguinho e Elivélton fizeram muito bem o papel de marcar Alex no jogo do dia 21. Uma marcação alternada, limpa e precisa. Aposto no repeteco da dupla, com Hernani aberto pela direita e Zezinho na esquerda, fechando a linha de quatro no meio. No ataque, sobra para Edigar Júnio. A dupla é Douglas Coutinho e Crislan.
Os dois volantes mais cascudos dificultam o passe – mais um motivo para apostar em Renato -, mas o gramado da Vila Olímpica permite (ou exige?) a ligação direta que criou muitas saias-justas para a defesa coxa-branca no Atletiba passado. E nessa formação Douglas Coutinho joga mais perto do gol, onde ele tem funcionado muito melhor.
Zezinho por dentro da linha de quatro
A segunda alternativa é sacar Elivélton e puxar Zezinho para dentro na linha de quatro. Renan Foguinho perde um assessor importante na marcação a Alex, mas o Atlético ganha maior capacidade de tratar bem a bola. Arthur Bernardes já disse que gosta de Zezinho armando pelo meio, mais atrás. E ele realmente faz melhor esse papel por ali.
A questão é se faz sentido ter um armador recuado em um gramado péssimo. Essa formação também recua Douglas Coutinho para a malfadada função de secretário de lateral. Coutinho é muito disciplinado e marca bem, mas deixá-lo longe do gol é um desperdício. No ataque, Edigar Júnio mais enfiado com Crislan aumenta a chance de induzir a zaga coxa-branca ao erro na ligação direta.
Coritiba com três volantes
É o meu palpite para formação do Coritiba no clássico. Marquinhos Santos usou o tridente nas duas últimas partidas, dando a bola para o adversário atacar e lhe permitir o contra-ataque. Faz sentido, considerando que o Atlético: 1) Precisará vencer um jogo para ser campeão; 2) Sai da zona de conforto quando precisa tomar a iniciativa.
Com Gil e Sérgio Manoel, o Coritiba consegue bloquear o avanço dos meias extremos do Atlético sem tirar Willian da frente da zaga. Willian poderia: 1) Juntar-se aos zagueiros para marcar a dupla de ataque rubro-negra; 2) Dedicar-se à cobertura dos laterais; 3) Ocupar-se de Zezinho, caso ele seja escalado por dentro.
Gil gosta de carregar a bola, algo que não funciona no gramado do Boqueirão, tão liso quanto a maioria das ruas do bairro. Sergio Manoel gosta de arriscar passes longos. Nos dois casos, o endereço é Alex e dele a bola viaja até Rafinha (opção A) e Deivid (opção B). Foi assim que Robinho jogou no domingo, contra o Londrina. Rafinha fez um gol e teve duas chances claras em lançamentos do camisa 20. Calcule com Alex.
Três zagueiros em uma linha de quatro
Victor Ferraz é dúvida, não treinou a semana inteira. Sua possível ausência pode levar Marquinhos Santos a retomar os três zagueiros (Leandro Almeida, Pereira e Escudero ou Chico — aposto mais no Chico, apesar de ter usado Escudero no campinho) dentro de uma linha de quatro jogadores. O princípio é simples: Coritiba com a bola, Patric avança e os três zagueiros ficam; Atlético com a bola, Leandro Almeida vira lateral-direito e fecha-se a linha de quatro.
Nesse caso, Robinho reaparece no meio-campo. Na verdade, uma segunda linha de quatro, que sem a bola tem Gil, Willian, Robinho e Rafinha. Com ela, Gil, Willian, Robinho e Patric. Essa formação permitiria ao Coritiba ter dois jogadores agudos pelo lado com liberdade para atacar, Patric e Rafinha.
O uso dos três zagueiros inviabiliza a escalação de três volantes, e vice-versa. Notem que nos dois últimos jogos Marquinhos Santos usou essas duas formações, mas nunca ao mesmo tempo.