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A Vila Capanema recebeu a primeira partida decisiva do Paranaense

O Atletiba me surpreendeu. Esperava uma passagem de som no ritmo banquinho e violão que me fizesse escorregar gradualmente pelo sofá até ser vencido pelo sono. Assisti a um show completo de rock, daqueles de te deixar elétrico da introdução até o bis. Uma bela vitória do clássico sobre um regulamento que desvaloriza o gol. Agora vamos para o segundo jogo, no Couto Pereira, com o título totalmente aberto. Tem tudo para ser um concerto de marcar época. Segue o faixa a faixa do 2 a 2 da Vila Capanema.

Marcelo Oliveira escala mais um volante Escrevi ontem que imaginava um Coritiba com apenas Júnior Urso protegendo a zaga, mas confesso que não me surpreendi ao ver Djair em campo. Marcelo Oliveira simplesmente não consegue por o time pra frente em um jogo decisivo. A formação de hoje teve uma consequência boa e uma ruim. A boa foi deixar Éverton Ribeiro livre para se movimentar entre o meio-campo e o ataque. Éverton é, atualmente, o melhor jogador do Coritiba. Seu gol aliou a liberdade tática dada pelo treinador à confiança de quem está bem a ponta de arriscar um chute de fora da área, com o pé bobo, em um clássico decisivo com a certeza de que a bola vai estufar a rede. O lado ruim foi ter Júnior Urso com licença para sair jogando. Ele desarmava o adversário para, no instante seguinte, errar o passe. O melhor alimento do Atlético de Carrasco é bola roubada na intermediária do adversário.

Ligüera entra no jogo Carrasco foi obrigado a escalar o Atlético versão primeiro turno. E no primeiro turno o Atlético teve seus melhores momentos quando Ligüera assumiu a regência da equipe. Hoje não foi diferente. O Atlético cresceu à medida que o uruguaio foi entrando no jogo. Ligadíssimo, ele participou dos dois gols por acreditar em jogadas em que ninguém acreditava. No primeiro, correu para reaproveitar a bola espanada por Lucas Mendes, buscou o lado do campo e cruzou para Bruno Mineiro marcar (depois da furada de Bruno Furlan). No segundo, saiu correndo de trás de Demerson para estar sozinho na pequena área quando Vanderlei rebateu a bola chutada por Ricardinho. O uruguaio foi o melhor em campo.

Vanderlei salva, Vanderlei entrega O erro no segundo gol do Atlético foi tão marcante que eu quase esqueci da defesaça de Vanderlei no primeiro tempo. 0 a 0, bola lançada para Bruno Furlan, que ganha no corpo (legal) de Lucas Mendes e toca por cima do goleiro coxa-branca. Vanderlei se estica todo e faz a defesa. Um gol ali mudaria a história do jogo. Da mesma forma que o erro de Vanderlei mudou a partida no segundo tempo. Vi algumas vezes a repetição do gol. Vanderlei poderia ter encaixado ou até rebatido para o lado. A câmera de trás mostra que ele está um pouco fora da direção da bola, o que pode ter causado a hesitação no lance. Ainda assim, ele falhou e Ligüera, o melhor do Atlético, aproveitou mais um vacilo coxa-branca para levar o Atlético ao gol.

Coritiba volta do intervalo para empatar A rebatida de Vanderlei foi a falha mais visível, mas o Coxa voltou mal do inervalo. Nitidamente estava disposto a segurar o empate e recuou. Deixou o Atlético jogar no seu campo na esperança de conseguir um contra-ataque que não encaixava simplesmente porque o time não conseguia ficar com a bola no pé. O gol de Ligüera foi resultado de um momento em que o Coritiba dispôs-se a ficar nas cordas tomando pancada. Foi a knockdown.

A carrascada tarda, mas não falha O desenho do jogo a partir do 2 a 1 era claro. O Coritiba precisava atacar, pois não importaria quantos gols fizesse no Couto, na melhor das hipóteses levaria a decisão para os pênaltis. O Atlético tinha todas as pré-condições para liquidar o jogo no contra-ataque. E Carrasco olhou para o banco. Lembra o jogo com o Cruzeiro? Aconteceu a mesma coisa. Carrasco mexeu e piorou o time. Se na quarta-feira a carrascada havia sido abrir um atacante de área na ponta, hoje foi trocar Ligüera (o melhor do time) por Renan Teixeira (o pior do banco). O Atlético recuou e deu campo para o Coritiba.

O Coritiba solta as amarras Marcelo Oliveira percebeu que perder por 2 a 1 ou 543 a 1 daria na mesma e mandou o time pra cima. Tirou os volantes, enfiou atacantes. Uma massa ofensiva que tratava de ocupar as imediações da área atleticana na esperança de ter uma chance de empatar o jogo. Esse overbooking ofensivo teve reflexo nas duas principais chances de empate que o Coritiba teve. Na primeira, Roberto sai da esquerda, de frente para o gol, para o meio, toca para Renan Oliveira, que bate para Marcel, que obriga Vinícius a fazer uma defesaça. Na sobra, Anderson Aquino manda pra fora. Na segunda, Marcel dá um giro desengonçado, Emerson (!) limpa para chutar, Anderson Aquino toma a frente e bate no cantinho. 34 minutos do segundo tempo, 2 a 2, na prática, o Atletiba acabou ali.

Bonus track: arbitragem Evandro Rogério Roman entrou disposto a levar o jogo sem grandes riscos até o fim. Conversou muito e contou com a colaboração dos times, mais interessados em jogar. Errou em quatro momentos: 1) Primeiro tempo, falta dura de Deivid em (acho que) Júnior Urso. Valia amarelo, 2) Lincoln dá um bico na bola, deixa o pé e acerta o rosto de Bruno Furlan na continuação do mesmo lance. Valia amarelo; 3) Segundo tempo, Lucas Mendes derruba Zezinho dentro da área. Pênalti não marcado; 4) Segundo tempo, Bruno Costa põe a mão na bola dentro da área. Pênalti não marcado.

Faixa oculta: Taiberson Colocar um garoto no meio de uma decisão é oito ou oitenta: ele assume a responsabilidade e arrebenta ou sente a pressão e se encolhe. Taiberson chamou o jogo pra si, teve 20 minutos sublimes. Deu uma canseira em Lucas Mendes pela direita e carimbou a trave de Vanderlei em um chute colocado de fora da área. Poderia ter decidido o jogo ali. Merece mais e mais oportunidades.

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