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O Atlético perdeu para o time reserva do Cruzeiro. Na semana passada, foi derrotado por Goiás e Atlético Goianiense. O Cruzeiro é uma força média da Série A, dificilmente brigará por Libertadores. O Goiás acaba de subir da Série B, para onde voltou o Dragão.

O Atlético, como todo o time que volta da Segundona, é candidato a um novo rebaixamento. Para quebrar essa lógica, é preciso fortalecer de verdade o elenco do acesso e contar com um desempenho irretocável dentro de casa.

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Até agora, na prática, o Atlético fez apenas duas trocas para melhor: Maranhão por Jonas (menos) e Henrique por Éverton (mais). É pouco. Como também é pouco o proveito que o clube poderá tirar do mando de campo se for exercê-lo em Cascavel (contra Grêmio e Inter), Maringá (grandes paulistas) e Nordeste (cariocas). Dificuldade, frise-se, derivada do projeto da Copa. Um cenário já delicado o suficiente para o próprio Atlético se impor novas dificuldades.

A ideia de esticar a pré-temporada é necessária e louvável na sandice que tomou conta do calendário nacional. Um dos esteios do Atlético campeão brasileiro de 2001 foi a intertemporada de 40 dias entre o Estadual e o Nacional. O talentosíssimo elenco daquele ano ganhou vários jogos no segundo tempo, graças ao fôlego acima da média.

O problema é que a dose aplicada este ano é exagerada. Jogasse apenas o primeiro turno do Estadual com o sub-23, o Atlético teria tempo de observar os garotos e dar um lastro físico e tático para os titulares acima dos concorrentes. Jogar parcialmente o turno com o grupo principal — jogos em Curitiba, um por semana, por exemplo — serviria como o polimento final para o time testar em competição o trabalho feito no CT do Caju e ganhar o ritmo necessário para a Copa do Brasil e o Brasileiro.

Esse modelo bate com aquilo que se pensa do lado de dentro do CT do Caju. Ricardo Drubscky disse isso semana passada, em Goiânia, e chegou a pedir diretamente a Petraglia para usar o elenco principal no returno. Ainda em Goiânia, Elias fez o mesmo discurso. Marcelo Oliveira, técnico do Cruzeiro, disse à 98 FM ter ouvido o mesmo de alguns jogadores em Belo Horizonte – citou João Paulo e Jonas. Também disse que o time rubro-negro, no segundo tempo do jogo-treino, sentiu a falta de ritmo de competição. Sintomático.

Uma verdade que apenas o presidente atleticano — e sua claque de sempre — insiste em não ver, o que denota uma influência muito mais política do que esportiva na decisão. Há tempos Petraglia é contra os estaduais. Enfraquecer o Paranaense é, indiretamente, uma maneira de reavivar a Sul-Minas — o que, convenhamos, seria uma boa. Boicotar o Estadual de ponta a ponta também funciona como resposta à arbitragem local que o Atlético vê como nociva há alguns anos. E como retaliação aos rivais da cidade — mais a Federação — nas tratativas fracassadas para conseguir um estádio enquanto a Arena é reformada para a Copa.

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O que parece escapar da percepção de Petraglia é que tudo isso está prejudicando o próprio Atlético. Sem reforços de porte, sem ritmo de jogo e sem casa, o Furacão não se cria na Copa do Brasil e será inquilino frequente da zona de rebaixamento do Brasileiro. E de nada adianta dizer que um novo descenso não seria o fim do mundo, pois a cota de tevê não muda e a Arena estará pronta e moderna em um possível novo ano de Série B. Ninguém vira gigante se acostumando a frequentar Segunda Divisão.