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Carletto, Berbatov e a BMW
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David Moir/ Reuters
Berbatov, hoje no Fulham: lucro milionário para Juan Figer e uma BMW para Carletto.

Antônio Carletto Sobrinho é uma das figuras mais significativas da história do Atlético. Como caça-talentos, ajudou a formar alguns dos mais fortes times a já vestir rubro-negro.

Foi ele quem buscou, no Internacional, a dupla Assis e Washington em troca de Augusto, lateral-esquerdo. Na mesma época pescou Lino na base do Flamengo. Três protagonistas do Furacão semifinalista do Brasileiro de 1983.

Na virada dos anos 1990 para os 2000, teve participação decisiva na montagem da equipe campeã brasileira. Foi buscar Adriano Gabiru em Alagoas, Souza no São Paulo e Alex Mineiro no Cruzeiro. Deixou o clube em 2006 e, desde então, ninguém mais conseguiu sem tão preciso quanto ele na garimpagem de jogadores para o Furacão.

Estive com o Carletto semana passada, fazendo uma entrevista para a série sobre os 15 anos de Lei Pelé que está sendo publicada desde ontem, na Esportiva. Carletto contou diversas histórias saborosas. Uma delas envolve um atacante de relevância internacional e o mais famoso empresário do futebol mundial. Conta, Carletto.

“Fui levar um jogador do Figer para o interior da Bulgária. Passei a semana com o atleta e na volta, acabei passando o domingo em Sófia. Teria um jogo do CSKA e pedi à interprete que nos acompanhava para ir ao estádio.

Chegando lá, com 15 minutos já me impressionou um centroavante do CSKA de apenas 18 anos. A intérprete me apresentou ao presidente do clube, que estava nas tribunas. Eu falei: ‘Muito bom esse seu camisa 9. Se eu lhe der US$ 800 mil, o senhor me vende ele’. O presidente disse que sim. Então deixei meu cartão e voltei para o Brasil.

Em São Paulo, fui direto ao escritório do Figer e falei pra ele. ‘Tem um atacante muito bom no CSKA, chamado Berbatov. Tem 18 anos e o presidente falou que vende ele por US$ 800 mil’. O Figer não falou nada. Só anotou o nome e o time.

Naquela época era comum o Atlético receber dirigentes de outros clubes para conhecer a Arena, o CT. Eu sempre recebia esse pessoal. Então apareceu uma turma do Bayer Leverkusen pra ver o jogo e eu falei do atacante do CSKA. Eles responderam que o Berbatov era jogador do Figer e estavam comprando ele [o Bayer adquiriu Berbatov em 2000 por 1,3 milhão de euros].

Passaram mais alguns anos e um dia eu fui jantar na casa do Figer. Eu, ele e um casal de argentinos. E o Berbatov tinha acabado de ser vendido para a Inglaterra [em 2006, o Tottenham desembolsou 16 milhões de euros pelo atacante]. Aí eu não me aguentei. Falei: ‘Seu Figer, o senhor viu que aquele atacante, o Berbatov, foi vendido pra Inglaterra?’. Antes mesmo de o Figer me responder, o argentino interrompeu. ‘Esse é jogador do seu Figer. Ele que vendeu’. O Figer ficou vermelho, mas não disse nada.

Pouco tempo depois, a gente se encontrou em Curitiba e foi na loja de carros do Sérgio Malucelli. O Figer perguntou: ‘Carletto, teu carro tá meio velho. Você não gosta dessa BMW aqui?’ Falei que sim, então o Figer logo disse: ‘Sérgio, põe na minha conta essa BMW. Agora ela é do Carletto’.

Ele estava me pagando pela indicação do Berbatov! Mas, porra, eu queria pelo menos um milhãozinho da venda… (risos)”

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