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A terça-feira foi puxada, então abro o dia com o capítulo de ontem do périplo da Copa das Confederações. O de hoje entra no fim de toda a zorra que deve ser esse dia de jogo da seleção + protesto em Fortaleza. Ou amanhã. Enfim, tarda mais não falha. Ao serviço…

Sou contra o formato de trabalho voluntário em eventos como Copa do Mundo e Olimpíada. Já escrevi a respeito, mas não encontrei um link, então resumo a ideia. Fifa e COI nadam em dinheiro. Ao invés de abusar da boa vontade de gente inocente que só quer ajudar e ficar perto de atletas famosos, deveria separar uma parte dos seus bilhões para contratar “voluntários”, que obviamente deixariam de ser voluntários. E em países pobres como o Brasil, poderiam fazer a triagem em comunidades carentes. Capacitar essa turma e remunerar. Acabado o evento, eles poderiam ser absorvidos pela rede hoteleira ou outros setores ligados ao turismo. Enfim, um ótimo legado.

Como a Fifa não pensa assim, temos o voluntariado clássico na Copa das Confederações. E com cinco dias enfiado no torneio, posso dizer com segurança: alguém disse a eles que todo mundo com uma credencial amarela (de imprensa) pendurada no pescoço é estrangeiro.

Em Recife e Fortaleza, fui recebido e orientado por voluntários falando comigo em inglês. Em alguns casos, mesmo que eu tenha dito algo em português para introduzir a conversa. O mesmo aconteceu em Brasília com o Albari Rosa e o Nícolas França. Como tenho biótipo e cútis genuinamente brasileiros – poderia passar no máximo por indiano, americano do Bronx, africano do Soweto ou holandês do Suriname -, só resta imaginar que eles foram treinados para considerar todos estrangeiros, mesmo que fiquem sem graça ao perceber que gastaram o inglês (muitíssimo bem falado pela grande parte, diga-se) com um compatriota.

Fosse esse o único problema dos voluntários, estaria ótimo. A grande questão é o preparo – ou a falta dele -, marca de vários grandes eventos. No Recife, fui orientado por um deles a ligar para a assessoria da Secretaria de Copa para saber onde pegar o passe para Uruguai x Espanha – o tíquete, na verdade, poderia ser retirado a dez metros de onde estávamos. No Castelão, cheguei ao andar da tribuna de imprensa, mas fui orientado a descer três pisos para encontrar minha posição. Desci, dei com a cara na porta e voltei exatamente para onde estava.

Na coletiva do técnico mexicano, um colega perdeu a paciência tentando explicar que o tradutor estava avisando no sistema de tradução que o áudio do microfone das perguntas não chegava até ele, o que inviabilizava a transposição das questões do espanhol para o português. O colega desistiu quando ganhou um novo aparelho de tradução da voluntária que não conseguia entender o que estava acontecendo.

Vale dizer que em todos os episódios os voluntários agiram com extrema simpatia, atenção e largo sorriso no rosto. Nitidamente, estão adorando estar aqui e são capaz de tudo para tentar ajudar quem quer que seja. Um retrato de todos os serviços da Copa no Brasil. Desorganizado, mambembe, confuso, mas sempre com uma dose extra de simpatia para cativar o visitante. Seria bacana nas Olimpíadas Escolares. É uma vergonha sob o pretensamente rigoroso padrão Fifa.

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