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Seja qual for o desfecho da temporada, a retrospectiva do 2011 rubro-negro terá espaço de destaque para o desabafo de Paulo Baier após o 2 a 2 com o Vasco, na Arena. A caminho dos vestiários, frustrado com a derrota que havia escapado quando não podia, Baier falou do “time juvenil” que Lopes insistia em usar tendo vários jogadores experientes no banco. Um dos experientes preteridos pelo Delegado para apostar nos “juvenis” era Cléber Santana. Porém após a derrota por 4 a 1 para o Santos, sábado, cabe a pergunta: quem é mesmo o juvenil?

Cléber Santana cometeu dois erros cruciais, que impediram o Atlético de enfrentar o Santos da forma que havia se planejado: marcando, reduzindo espaços, partindo para o contra-ataque. O primeiro golpe veio logo a um minuto de jogo. Cléber Santana, no ombro a ombro, já havia tirado Neymar da jogada de forma limpa. Mas, inexplicavelmente, transformou a disputa normal em pênalti ao esticar o cotovelo esquerdo o máximo que poderia, empurrando acintosamente o atacante santista.

O Atlético levou um tempo inteiro para conseguir voltar pro jogo. Conseguiu, claro, graças à bola parada de Paulo Baier, um gol olímpico que Guerrón carimbou com a sua cabeça. Era, novamente, a chance de voltar ao plano inícial. Segurar o ponto precioso ou chegar à inesperada virada. Nada disso aconteceu porque Cléber Santana esticou o braço esquerdo para empurrar Edu Dracena, em mais um pênalti inadmissível.

Se Cléber Santana fosse um garoto, poderia-se dizer que foi a inexperiência, que ele foi juvenil. Mas Cléber Santana já passou há algum tempo desse estágio. Quando um jogador como ele tenta, na surdina, usar o braço para derrubar o adversário e é flagrado pelo juiz, passa pelo patético papel do malandro-agulha.

Golpeado pela segunda vez, o plano de Antonio Lopes ruiu. Neymar completou o serviço e o 4 a 1 acabou sendo uma ducha geladíssima em um jogo em que era possível, sim, o Atlético vencer. Nenhum jogador do Santos colocaria a canela em risco sabendo que há um Barcelona no horizonte.

No fim, restou ao Atlético respirar aliviado com as derrotas de Cruzeiro e Ceará. Na próxima rodada, ambos jogam fora (Cruzeiro contra o Flamengo, Ceará contra o Avaí), enquanto o Rubro-Negro recebe xará goianiense. Se der a lógica, o Furacão deixa o Ceará para trás e iguala-se em pontos ao Cruzeiro. Cléber Santana, suspenso, não joga. Um bom começo.

Cléber Santana teve alguns momentos na temporada. O melhor foi inegavelmente contra o Santos, na Arena, exibição coroada por um golaço em que driblou santistas e tabelou com a possa d’água antes de mandar para o barbante. Mas seu saldo negativo ainda é imenso. A não ser que encarne o espírito de Garrincha nas cinco partidas que ainda poderá disputar, Cléber Santana merece um robusto Vai com Deus, guri! quando a temporada acabar.

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Se acertou nos pênaltis (ao meu ver), Francisco Carlos Nascimento caprichou na lambança no primeiro dos gols anulados de Neymar. Apontou para o centro e, pressionado por Paulo Baier, voltou atrás. Menos mal, pois é clara a participação de Alan Kardec no lance, com seu movimento de corpo que deixa Neymar livre para marcar. Quando o passe saiu, Neymar estava em condição legal; Kardec, não.

Paulo Baier, aliás, esteve a ponto de ter uma exibição daquelas de virar assunto eterno nas mesas de bar. Foi ele quem anulou o gol de Neymar descrito acima. E seu gol olímpico (indicado na súmula, embora seja notório o desvio de Guerrón) foi dos lances mais belos deste Brasileirão. Mas não é todo o jogo que Baier consegue resolver sozinho.

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