No fim da noite de 10 de agosto de 2009, o Coritiba anunciou a contratação do técnico Ney Franco. Ney permaneceu no Alto da Glória até o fim do ano passado, quando assumiu o comando da seleção brasileira e foi substituído por Marcelo Oliveira, treinador que agora pela manhã teve seu contrato renovado até dezembro de 2012.
Passaram-se 828 dias entre a chegada de Ney Franco e o anúncio da permanência de Marcelo Oliveira. No período em que o Coxa teve apenas dois treinadores, Atlético e Paraná tiveram sete e seis comandantes diferentes, respectivamente. Pela Baixada passaram Antonio Lopes, Leandro Niehues, Paulo César Carpegiani, Sérgio Soares, Geninho, Adilson Batista, Renato Gaúcho e novamente Lopes. Pela Vila Capanema, Sérgio Soares, Roberto Cavalo, Marcelo Oliveira, de novo Roberto Cavalo, Ricardo Pinto, Roberto Fonseca e Guilherme Macuglia.
A estabilidade no Coritiba e a alta rotatividade nos rivais ajudam a explicar a diferença no momento atual das três equipes. E isso não diz respeito apenas aos resultados dentro de campo, mas também com a maneira com que os clubes se relacionam com os treinadores e vice-versa. Ney Franco foi rebaixado com o Coxa e não faltou quem defende-se sua saída – eu, inclusive. Marcelo Oliveira teve influência direta na perda do título da Copa do Brasil para o Vasco e na campanha pálida do Coxa como visitante no Brasileiro. Em ambas as situações, a demissão teria sido aceita com naturalidade pela torcida e pela imprensa.
Falou mais alto a aposta de que eram apenas momentos de turbulência e que era melhor manter os treinadores. Uma aposta de risco, mas que deu certo. Ney Franco montou um Coritiba capaz de jogar tão bem em casa quanto fora, qualidade fundamental para quem mandaria dez jogos em Joinville na Série B. Ganhou o Paranaense com autoridade e subiu sem grande susto. Marcelo Oliveira soube aproveitar a boa base de Ney Franco e dar a ela a sua cara. Ganhou o Paranaense, foi vice-campeão de uma competição nacional e conseguiu reacender – embora em fogo ainda muito brando – a esperança de classificar-se para a Libertadores. Méritos dos treinadores, mas também de quem deu tempo para que eles pudessem trabalhar, errar e corrigir o rumo.
Marcelo Oliveira merecia ter o contrato renovado não apenas pelas boas coisas que fez no comando do Coritiba ou porque no mercado não há ninguém significativamente melhor que ele caiba no bolso do Coxa. Mas porque teve tempo suficiente para acertar, errar e corrigir o rumo.
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