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Emerson e Gil com dificuldade para marcar Thiago Adán, autor do primeiro gol do Arapongas.

Há um pouco de piedade na troca de passes do Arapongas, ritmada pelos gritos de “olé” dos torcedores. Passava dos 25 do segundo tempo, o Arapongão acabara de fazer o segundo gol e o Coritiba estava entregue; bastava um pouco mais de esforço para a vitória se transformar em goleada. Para evitar a fadiga ou em respeito ao visitante ilustre, o Arapongão basicamente deixou o relógio correr. Com o 2 a 0, a invencibilidade coxa-branca morreu em históricos 48 jogos e o título do turno transformou-se em uma equação na qual somente vencer o Londrina, quarta-feira, não basta. Ainda haverá parte da diferença de nove gols no saldo para tirar.

Evocar a invencibilidade e a classificação do campeonato foram respostas recorrentes aos tropeços do Coxa nesta temporada. As duas muletas foram destroçadas pela derrota no Estádio dos Pássaros. O jeito é encarar os problemas de frente, atacá-los e resolvê-los. Não há outra alternativa.

Os problemas do Coritiba em 2012 se repetem, aparecem mesmo nas vitórias, mas o jogo contra o Arapongas tratou de deixar alguns em carne viva. Caso da leniência do time, especialmente fora do Couto Pereira. Quantas vezes o Coritiba entrou apático em uma partida? No Brasileiro do ano passado, foram poucas as exibições como visitante em que isso não aconteceu. O primeiro gol do Arapongão é exemplar. Lucas Mendes bate o lateral com preguiça, Renan Oliveira vai mole na dividida e perde a bola, Pereira dá um carrinho seco para tentar desarmar o adversário. E nem o chacoalhão deste gol aos 4 minutos despertou os jogadores.

O time tem carências evidentes. Marcelo Oliveira já testou todas as combinações possíveis de volante: Urso e Willian; Willian e Tcheco; Urso e Tcheco; Willian, Urso e Tcheco; Urso e Gil; Urso, Gil e Tcheco (fora os minutos jogados por Djair). O resultado varia entre marcação boa e passe ruim, marcação ruim e passe bom, tudo ruim. Se os laterais fossem mais ofensivos, como alguém destacou com muita propriedade nos comentários, dias atrás, até daria para jogar com três volantes sem pensar duas vezes. Mas, com Jonas ou Jackson e Lucas Mendes, não é o caso.

Luís Cáceres deve ser contratado como solução para o setor. O negócio não está fechado e Cáceres tem jogado pouco, é reserva no Cerro Porteño. O seu estilo de jogo encaixa com o que o Coxa precisa. A conferir se encaixará também na prática.

Falta uma solução para o ataque. Não é Caio Vinícius e não vem sendo Marcel. Anderson Aquino foi bem contra o Nacional, mas sumiu em Arapongas, seguindo a bipolaridade da equipe. Roberto não foi testado como único avante, o que permite interpretar que Marcelo Oliveira prefere usá-lo somente pelos lados do campo. Ou seja, o Coritiba precisará de um 9. Não dá pra improvisar até agosto, quando Keirrison voltar a jogar com dez meses de inatividade nas costas.

Então chegamos ao comando técnico. O maior desafio de Marcelo Oliveira será quebrar essa bipolaridade que persegue o Coritiba desde o período pós-Copa do Brasil. Oscilar no Brasileirão, contra equipes do seu nível ou melhores do que a sua, é compreensível e normal, poucas equipes conseguem fugir desta alternância. A irregularidade do ano passado causou frustração na torcida por causa da linearidade do primeiro semestre. Neste ano, o time já oscila no primeiro semestre contra times, em regra, bem menores. O medo com o que possa acontecer no Brasileiro ou no primeiro mata-mata mais duro da Copa do Brasil é natural.

Como quebrar isso? Tirando o time da zona de conforto (sim, falo de Renan Oliveira), mexendo em peças teoricamente intocáveis (sim, falo de Pereira), mudando a maneira de jogar (sim, falo de laterais mais ofensivos ou da ruptura do 4-2-3-1), fazendo mudanças menos óbvias (alguém duvidou que seria Geraldo o primeiro a entrar?).

E antes que alguém pergunte, não acho que seja hora de tirar Marcelo Oliveira. Ele conhece bem o elenco, sabe o que cada jogador pode oferecer de bom ou ruim, precisa por esse conhecimento em prática. Também não é o perfil da diretoria coxa-branca tirar o técnico nesse momento. O Vilson vem de um setor em que funcionários têm tempo para cumprir suas metas e o próprio Ximenes é avesso ao rodízio de treinadores. Agora, o que o Coritiba precisa é de cobrança, agilidade e mudança de atitude. E de atenção para perceber o momento em que, eventualmente, a aposta em um projeto se transformar em teimosia.

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