O Atlético segue em regressão na temporada. Não é um processo irreversível, mas é preocupante. Vejamos o jogo contra o Ceará. O time, que havia aprendido outras maneiras de vencer, novamente precisou se agarrar a Paulo Baier para voltar do Nordeste com algum ponto na bagagem.
Tem sido assim na Série B. Baier deu três assistências contra o Joinville e marcou dois gols no Barueri, exatamente os jogos que o Atlético venceu. As escassas chances de derrotar o Goiás tiveram o carimbo dele. O mesmo aconteceu diante do Vozão, especialmente o pênalti batido pelo camisa 10 e defendido pelo maleta Fernando Henrique.
Não há problema algum em vencer jogos graças a Paula Baier. O problema é depender apenas dele para vencer. Isso aconteceu em 2009, ano em que o Atlético brigou para não cair, e ano passado, quando efetivamente caiu. Também aconteceu em 2010, com a diferença de que naquele ano a defesa era ótima e Maikon Leite dava outra ótima opção ofensiva. A atual temporada começou assim, com Ligüera e Zezinho dividindo e até assumindo esse protagonismo. Agora, com os dois lesionados, só restou Baier. É bom. Mas é pouco.
Outro déja vu relacionado ao capitão rubro-negro veio na entrevista pós-jogo, quando ele pediu um time mais experiente. Lembrou o desabafo após o empate com o Vasco, ano passado, quando um enfurecido Paulo Baier definiu o time rubro-negro como juvenil. O discurso foi mais polido, mas a mensagem é a mesma. Agora, porém, um pouco equivocada.
O Guilherme de Paula, na 98, fez uma comparação precisa. Deivid é garoto, só jogou no Atlético e é um dos melhores do time. Fernandão já rodou por diversos clubes e tem sido quase sempre o pior (Notem, falo de experiência, não de idade, afinal Deivid tem 23 anos e Fernandão, 25). Isso mostra que antes de pensar em experiência o Atlético precisa mesmo de bons jogadores. Essa é a prioridade, melhorar o elenco, independentemente da idade. E entender que para algumas posições vale, sim, confiar nos garotos. Como no ataque, onde Taiberson nem ao menos é relacionado.
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Passei parte da última semana lendo o livro do Ricardo Drubscky, técnico do Atlético. Me surpreendi. Esperava um amontoado de clichês sem muito sentido, encontrei um interessante material de referência tática. Além de (e era o que eu procurava) várias indicações do trabalho que ele está fazendo e pretende fazer no Atlético. O resultado está publicado na Gazeta do Povo deste sábado. Na teoria, muito bacana. Mas precisa ser bom na prática o mais rápido possível.