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Vocês conhecem o Diego Alemão? Não, não é a subcelebridade ao lado, ganhador de uma das edições do Big Brother. É o Diego Alemão zagueiro que o Coritiba está contratando. Beque de 21 anos, 1,93 metro, revelado pelo Sendas e que treinou por menos de um mês no União de Leiria, de Portugal, mas não chegou a um acordo financeiro e nem sequer chegou a assinar um contrato.

Confesso nunca ter visto o Diego jogar, então recorri ao Google para ver o que ele oferecia. Há um vídeo de quase dez minutos no YouTube, feito a pedido de seu empresário. Sempre é bom ficar de pé atrás com esses vídeos. São feitos sob medida para encantar dirigentes e treinadores e valorizar os jogadores. Como diria Antônio Lopes, na hora de contratar um desconhecido, melhor assistir ao vídeo dos piores momentos.

Pois os melhores momentos do Diego Alemão são um pouco preocupantes. Não há um único lance dele disputando em velocidade com um atacante. Mau sinal. Há algumas caneladas e muitos lances em que ele está absolutamente sozinho com a bola – logo, o risco de fazer alguma bobagem é menor. De positivo? O tempo de bola e domínio absoluto nas disputas pelo alto. Como resumiu o leitor Leo Silva no tuíter, “pelas imagens, é um novo Zambiasi”. Os coxas com 30 anos ou mais sabem o que ser um novo Zambiasi tem de bom e ruim.

À Nadja Mauad, Vilson Ribeiro de Andrade disse que prefere não tratar Diego como reforço, mas alguém para compor o grupo. Isso leva a outras duas questões: 1) Por que o Coritiba precisa buscar um jogador de 21 anos somente para compor o grupo?; 2) Não tem nenhum zagueiro no sub-20 ou que acabou de estourar a idade que possa compor o grupo?

Toquei no assunto categorias de base do Coritiba há poucos dias, mas acho pertinente voltar a ele. O clube revelou vários jogadores na primeira metade da década passada (Adriano, Miranda, Ricardinho, Keirrison, Henrique, Pedro Ken, Rodrigo Mancha, Marlos, somente para ficar naqueles que deram certo em algum momento no profissional) e entrou em buraco negro, do qual se salvaram Willian, Lucas Mendes e Luccas Claro, todos hoje no elenco principal.

É notório que o trabalho de base do Coritiba melhorou, mérito principalmente do Felipe Ximenes, que organizou todo o futebol do clube, e do André Mazzuco, que atua diretamente com os subs. Para o torcedor, esse trabalho transparece de duas maneiras. Uma é com bons resultados em competições importantes. O clube venceu a Copa BH de 2010, chegou às quartas de final da Copinha em 2011 e voltou este ano a ficar entre os oito melhores. A outra – e mais importante – é fornecendo pé de obra qualificado para o time profissional, e nisso há falhas.

Pense no Coritiba das duas últimas temporadas. Tanto com Ney Franco quanto com Marcelo Oliveira, o único garoto formado no clube a jogar como titular com regularidade foi Lucas Mendes. Um zagueiro que precisou ser improvisado na lateral esquerda para conquistar seu espaço – uma solução de emergência para cobrir o fracasso dos laterais de ofício contratados pelo clube. Willian e Luccas Claro tiveram oportunidades e em 2012 (o primeiro desde o começo e o segundo com boas possibilidades de se tornar) serão titulares.

Olhe para o elenco disponível no site oficial. São egressos da base: Rafael Martins e Vaná (goleiros); Lucas Mendes e Luccas Claro (zagueiros); Timbó (lateral); Artur, Guaraci, Djair e Willian (volantes); Rafael Silva (meia). Dez jogadores é um número bom. Problema é a quantidade de contratados jovens para compor o elenco que já entre esses garotos e uma oportunidade de vestir a camisa do Coritiba em uma partida oficial. Para a zaga acaba de chegar Diego Alemão, no meio tem Lima e Emerson Santos e no ataque, onde não há um único garoto da base, há espaço para Caio Vinícius (lembram de Wilson Júnior, que foi contratado do Bahia no fim do passado, ficou um ano inteiro no CT da Graciosa e partiu sem deixar saudade?).

Estar atento às boas oportunidades do mercado é fundamental para um clube ter sucesso, independentemente da idade do jogador – e nada impede que Diego Alemão venha a brilhar no Coritiba. Mas fazer com que as categorias de base formem atletas para suprir necessidades básicas, como compor o elenco, é questão de sobrevivência.

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