O equatoriano Guerrón, que acabara de ser vaiado ao entrar em campo, marca o 4º gol e não comemora
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O desejo declarado de Guerrón de deixar o Atlético fez apupos ecoarem pela Vila Capanema quando ele foi chamado para entrar no jogo de sábado, contra o Operário. Trinta e três minutos, um gol e uma assistência depois, o equatoriano foi cercado por repórteres e não demorou a surgir a pergunta sobre a vontade manifestada anteriormente de sair do clube. A resposta foi uma pisada na bola daquelas de fazer corar de vergonha: “Deveriam ter mais conhecimento. É mentira, nunca falei que queria sair. O dono da verdade sou eu e o Atlético. Só saio quando o Atlético quiser que eu saia. Aí eu saio.”

Mas acontece que Guerrón não só falou em sair, como está gravado. Foi em uma entrevista à Rádio Rumba Deportiva, do Equador, no dia 30 de janeiro. A frase, em bom espanhol, foi “Estoy decidido a salir, quiero seguir creciendo y no atascarme”. Ela e toda a entrevista estão aqui neste link, descoberto pelo faro de perdigueiro da Nadja Mauad.

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E aqui faço um adendo necessário. É totalmente compreensível a declaração de Guerrón naquele momento. Ele estava treinando separado do grupo principal, sem perspectivas de continuar no Atlético. A avaliação da diretoria, deixada claro em várias manifestações de Mario Celso Petraglia nas redes sociais, era de que ele custou muito e entregou pouco. Assim, a angústia de La Dinamita para voltar a jogar era justa.

O que não dá para entender é jogadores de futebol não terem a noção de que aquilo que eles falam rapidamente ganha o mundo. Na era pré-internet, a entrevista de Guerrón à Rumba Deportiva talvez estivesse condenada a ficar restrita a quem a ouviu ao vivo e ao arquivo da emissora. Hoje em dia, dá para dizer até que o intervalo de um dia entre Guerrón falar no Equador e a história estourar no Brasil foi grande.

Para citar outro exemplo, no início do ano Daniel Carvalho, atacante do Palmeiras, deu entrevista à rádio Estadão ESPN dizendo que tomava bomba quando defendia o CSKA Moscou. Em minutos as declarações já eram manchete dos principais sites esportivos da Rússia. No mesmo dia a diretoria do CSKA cobrou explicações de Daniel Carvalho, que resolveu dizer que não havia dito nada. Uma ingenuidade, pois a entrevista era ao vivo e o áudio ficou disponível logo depois na internet. No fim, o jogador disse que se confundiu com as palavras e pediu desculpas para todo mundo.

Guerrón deveria fazer o mesmo. Repito: encostado no Atlético, ele tinha todo o direito de querer jogar em outro clube. Mas chamar de mentira uma informação que saiu da boca dele é desconhecer o mundo em que ele mesmo vive, além de um tentativa tosca de chamar imprensa, torcedores e dirigentes de idiotas.