O Coritiba tinha o coração de Júnior Urso e França, o pulmão de Gil e as pernas de Roberto, Éverton Costa e Éverton Ribeiro. Faltou um cérebro para coordenar e conduzir o time à vitória em Salvador. Mesmo acéfalo, o Coxa esteve perto de voltar a Curitiba com a classificação encaminhada. Éverton Costa e Roberto perderam dois gols imperdoáveis e antes tinha faltado tranquilidade a Éverton Ribeiro para estufar a rede protegida apenas por zagueiros do Vitória, após a saída estabanada do goleiro Douglas.
Como sempre acontece fora do Couto Pereira, o Coritiba teve seu momento de apagão na volta do segundo tempo. É consenso entre os treinadores que os minutos iniciais dos dois tempos são aqueles em que o time da casa intensifica a pressão sobre o adversário. Se defender dessa situação quando ela acontece é natural e obrigatório. Mas provocá-la é burrice. O Coxa sistematicamente volta do intervalo encolhido, implorando para tomar pressão do oponente. Fez isso ontem e escapou da derrota.
A entrada de Lincoln nos dez minutos finais deu um pouco de ordem à correria do Coritiba – e do jogo em si. Era a peça que faltava, alguém para pensar e coordenar o jogo. Foi o momento mais dominante dos paranaenses, deixando claro que o time precisa de um cérebro presente em campo. Até o final da Copa do Brasil será Tcheco. Depois, a tendência é que seja Lincoln, mas Marcelo Oliveira precisa que a diretoria busque outra opção no mercado.
O 0 a 0 não foi ruim, mas é perigoso. A vitória simples classifica, mas qualquer empate com gols tira o Coritiba da Copa do Brasil. E o Vitória, mesmo com sérias limitações no meio-campo (Tartá como armador é uma piada) e na lenta defesa (Rodrigo e Victor Bahls ficavam perdidos diante de qualquer movimentação mais intensa do ataque alviverde), carrega o histórico de ter resolvido a classificação contra o Botafogo no Engenhão, após um empate em Salvador.