A galeria de heróis do Atlético tem um número considerável de atacantes toscos, mas fazedores de gol. Ziquita é o maior de todos, com seus quatro gols em 13 minutos infernais. Dirceu é o vice-rei, com seus gols decisivos nos Atletibas de 90. E ainda há uma massa significativa, repleta de Manguinhas e Jorginhos Pé Murcho, autores de gols redentores e pixotadas vexatórias.
Ontem, Federico Nieto providenciou a prova documental para requerer um lugar neste grupo. Seus dois gols de cabeça, contra o Internacional, bastam, por enquanto, para dar mais um fôlego ao Atlético na luta de rebaixamento. Permitir ao Rubro-Negro olhar para cima e avistar o Cruzeiro, rolando ladeira abaixo e louco para entrar na zona do rebaixamento. Ao fim do campeonato, se o Atlético escapar, os gols de Nieto ganharão peso histórico e o argentino caneludo, mas raçudo ganhará o seu lugar na história rubro-negra.
O resultado foi excelente. A essa altura do campeonato, o Atlético precisa somar pontos que o tirem da zona de rebaixamento. Virem acompanhados de bom futebol é um luxo do qual quem está ameaçado de descenso abre mão naturalmente.
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Fiz essa separação com asteriscos (gosto deles e acho que cinco é um número bom para indicar um corte claro no tema) por considerar que duas análises devem ser feitas de um time acossado pela Segundona: a do resultado, exposta acima, e a da atuação, que segue nas próximas linhas.
A atuação do Atlético foi de ruim para médio. “E daí, nós vencemos!”, dirá o torcedor atleticano. Ok, o Atlético venceu e isso é o que importa. Mas a forma como o time vence ou perde ou empata indica o tamanho do sofrimento que está por vir. E o futebol exibido contra o Inter deixa claro que o Atlético sofrerá até o fim.
O Inter esteve mais perto do gol o tempo inteiro. O lado esquerdo da defesa rubro-negra segue sendo um problema grave. Paulinho voltou, mas o passeio do Inter por aquele setor não pode ser atribuído apenas a isso. Héracles tem a mesma dificuldade na marcação. A diferença é que ele demonstra mais vontade e conta com a complacência que o torcedor sempre tem com um garoto da base. Afinal, ele foi formado no clube e ainda é jovem, portanto com tempo para melhorar.
Essa superioridade colorada não se reverteu em gol porque Renan Rocha não deixou. Ou melhor, até se reverteu, no gol legal de Jô, mal anulado pelo auxiliar Alessandro Rocha Matos. A essa altura o Atlético já atuava com apenas um volante (Renan), Paulo Baier e Cléber Santana fazendo dupla função e Marcinho mais à frente.
Essa formação cedeu ainda mais espaço para o Inter atacar, mas foi determinante para o Atlético vencer. O primeiro gol começou com Paulo Baier, passou por Marcinho (que soube esperar o momento exato de fazer o cruzamento) e acabou na cabeça de Nieto.
A partir daí, o Atlético seguiu com dificuldade para se defender, mas tinha o placar a seu favor. Chegou a dar a impressão de que poderia repetir a história do jogo contra o Fluminense, quando levou o gol de empate porque recuou demais. Dessa vez, porém, tudo deu certo. Lopes reforçou a marcação sem matar o contra-ataque e não houve nenhuma expulsão pelo caminho. No fim, Neto fez o segundo e fechou a conta na Baixada.
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