Dado Cavalcanti foi o porta-voz do delicado momento vivido pelo Paraná. (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)| Foto:
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O Paraná conseguiu mais uma grande vitória na Série B. Dominou o Boa em 90% do tempo. Teve uma exibição de craque de Lúcio Flávio. Felipe Amorim decisivo. Paulo Sérgio eficiente. Kayke em uma estreia convincente. Mas tudo isso ficou em segundo plano pelo pronunciamento de Dado Cavalcanti no vestiário.

 

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A exemplo do que tem acontecido sistematicamente desde 2008, chega nessa época do ano e o Paraná tem problemas para manter os salários em dia. Jogadores e comissão técnica estão se cotizando para pagar os salários dos funcionários, os mais afetados pelos meses com mais de 30 dias. É um filme repetido que não sai de cartaz na Vila e tem final conhecido: o time cai de rendimento abruptamente pela dificuldade financeira e engata mais um ano de Série B, uma divisão em que salário em dia faz diferença entre subir ou não.

 

Paulo César Silva fez um apelo emocionado. Cobrou do torcedor, que, segundo ele, abandonou o Paraná. Muito antes o Paraná foi abandonado pelas suas diretorias. Um processo constante e profundo de dilapidação, que deixou marcas profundas. Mesmo com o melhor elenco dos últimos anos, é aceitável uma certa desconfiança do torcedor. Cabe à diretoria reconquistar essa confiança. É cruel? Um pouco. Mas é um preço previsível.

 

O torcedor do Paraná de fato precisa colaborar mais. A média de público é ridícula. Mas os dirigentes precisam justificar essa ajuda não só com o trabalho dentro de campo, mas agindo com transparência extrema em tudo.

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Cito um exemplo. Semana passada, ao escrever sobre o bloqueio de R$ 5 milhões do dinheiro do leilão do Tarumã, por causa de uma multa imposta pelo Banco Central. Perguntei ao Juliano Tetto, advogado que trabalha para o clube, o que tinha sido feito dos outros R$ 25 milhões. Ele informou que tem em mãos uma planilha detalhada com a destinação do dinheiro, material apresentado ao Conselho Deliberativo. Pediria autorização ao superintendente Celso Bittencourt para abrir esses dados. Segundo Tetto, Bittencourt não permitiu a divulgação dos valores.

 

Um embargo desnecessário. Se o Paraná quer o torcedor ao seu lado, tem de abrir sem reservas a sua realidade e trabalhar para transformá-la. Por mais dolorido que seja resolver os problemas em público, é muito mais eficiente do que sentar em cima deles à espera de uma solução e só botar a cabeça pra fora da toca quando é simplesmente impossível segurar o que está errado. Há anos o Paraná trata as dificuldades da maneira errada. É impossível que ninguém tenha percebido que não é esse o caminho.