Lombardi Júnior em ação: unanimidade inigualável entre as torcidas de Curitiba.| Foto:
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Só fui lembrar da data no fim da manhã, na passada diária obrigatória pelo Papo de Mídia. E a loucurada do dia a dia permitiu que apenas agora, na última volta da quinta-feira, eu conseguisse parar para escrever sobre, como bem definiu o Edu César, uma das mais tristes datas do futebol paranaense. No dia 16 de janeiro de 1994, morreu Lombardi Júnior, o maior narrador de futebol do estado.

 

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Curiosamente, foi num domingo, o principal dia de trabalho do Lombardi. Lembro muito bem do dia. Fazia um sol de rachar, futebol profissional parado e eu varrendo o radinho de ondas curtas atrás de alguma programação esportiva. Parei na Rádio Gazeta de São Paulo, onde um locutor informava a morte “do narrador esportivo paranaense Lombardi Neto”. O erro no nome me deixou na dúvida, então mudei a chave para o AM, escorreguei o dial até os 1.430 da B-2. Carlos Kleina estava no ar. Aquele vozeirão espetacular, incrivelmente sem vida, lamentando a morte do chefe, colega de jornadas e amigo.

 

Passei o dia inteiro ligado na Clube. À noite, no Mesa-Redonda, fizeram uma série de homenagens ao Lombardi. Ele era participante do programa. Narrou basquete, Libertadores e Copa do Brasil na TV. Eu tinha 14 anos. Chorei assistindo àquilo tudo. Muito como fã, mas também como alguém que já sonhava em trabalhar com rádio e definitivamente não poderia trabalhar com “o cara” do rádio paranaense.

 

A morte do Lombardi deixou um vazio enorme no rádio paranaense e desencadeou uma série de transformações. A Clube começou a morrer junto com seu narrador titular. A situação da emissora entrou em uma oscilação constante. O próprio departamento de esportes mudou de mãos várias vezes, até a rádio definitivamente fechar na década passada — e voltar há cerca de dois anos como RB2.

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O posto de principal narrador de futebol da cidade também não chegou a ser ocupado de forma absoluta por nenhum outro. Simplesmente porque nenhum outro narrador conseguiu ter o mesmo alto conceito com todas as torcidas da cidade que o Lombardi tinha.

 

Carneiro Neto, Luiz Augusto Xavier e Fernando César já eram sensacionais no rádio, mas não tinham a mesma unanimidade. Marcelo Ortiz — para mim, em termos de emoção, quem mais se equipara ao Lombardi — e Edgar Felipe carregaram por anos o estigma de narrador de uma torcida só, por política de escala da Banda B, que punha o Marcelo sempre no Atlético e o Edgar no Coxa. Uma injustiça com ambos. Edilson de Souza e Moura Júnior são ícones de outra era do rádio curitibano, delimitada pelo início do futebol na Transamérica. Uma linha muito mais de show, diferente do estilo do Lombardi.

 

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Mesmo os projetos das emissoras não atingiram o relevo histórico da Clube. A Banda B ameaçou trilhar esse caminho, mas derrapou nos últimos anos por causa de grana e perda de profissionais, além de sofrer por ser uma AM concorrendo com FMs. O projeto da 98 ainda é novo, está no quarto ano, tem um caminho a percorrer; conta com a estrutura do grande grupo de comunicação do estado e uma equipe competentíssima para chegar lá. A Transamérica faz parte de uma rede, o que impede a equipe daqui de romper as fronteiras do estado. Não à toa, a grande rádio paranaense no futebol, hoje, é a Paiquerê de Londrina.

Uma história que não é definitiva. Mas que sem a menor dúvida mudou dramaticamente de rumo há exatos 20 anos.