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Tito toca saxofone

O tuíter alertou e os intrépidos Adriano Ribeiro e Angelo Binder confirmam: Kerlon está fora do Paraná. Está fora sem nunca ter chegado direito, é bom que se frise.

Em janeiro, quando o Foquinha chegou, escrevi sobre as expectativas nunca confirmadas a respeito dele (tracei até um paralelo com Kelvin, então cobiçado pelo Porto). Como os quatro meses e meio de Vila Capanema só confirmaram a impressão da época, peço licença e reproduzo o texto.

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Kerlon construiu sua carreira a partir da suposição de que se tornaria um craque. Ao ver a repercussão causada pelo drible da foca no Sul-Americano Sub-17 de 2005, o Cruzeiro supôs que ele seria um bom reforço para o time profissional e o promoveu. Lá Kerlon teve curtas sequências de jogos, seguiu aplicando seu drible invariavelmente em partidas já decididas. Então o empresário Mino Raiola supôs que aquele garoto era valioso e pagou € 1,3 milhão para tirá-lo do Cruzeiro e coloca-lo no Chievo.
Foram quatro partidas pelo time de Verona, nenhuma como titular. Bastou para a Internazionale supor que valia investir alguns milhares de euros para leva-lo a Milão. Kerlon jamais jogou pelos nerazzurri. Também nunca disputou uma partida oficial pelo Ajax, outro a supor que o menino-foca, mesmo com quatro lesões no prontuário, seria um craque (conseguiu apenas ver mais uma lesão do jogador).
Ao aceitar Kerlon, o Paraná supôs que receberá o craque que despontou no Cruzeiro, sobressaiu-se nas seleções de base, transferiu-se na Itália e de lá para a Holanda. Talvez sem perceber que esse status foi construído unicamente em cima de projeções e suposições. É um problema comum do futebol. Jogadores são endeusados e avaliados precocemente por aquilo que, imagina-se, possam se tornar. É a cultura do parecer acima do ser levada para os gramados.
O imbróglio envolvendo Kelvin tem muito a ver com isso. O atacante fez uma dezena de jogos pelo Paraná, mostrou um futebol promissor. Antes mesmo de concluir sua formação física e psicológica, passou a ser avaliado em milhões de dólares. Chega a ser curioso ver o Paraná, o pai de Kelvin, o BMG, o Porto, o Atlético Mineiro e sabe-se lá quem mais levarem à Justiça a discussão sobre aquilo que, na prática, ainda não existe: um craque. Mistura de mercado especulativo e jogo de azar. O dinheiro é investido, os dados são lançados e lá na frente se vê se valeu a pena.
Kelvin e Kerlon têm o talento necessário para jogar um grande futebol, talvez juntos no Paraná. Mas para que isso aconteça, precisam ser cobrados e avaliados por aquilo que são hoje, não com base em suposições forçadas apenas para colocar mais um zero no valor do contrato.

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Quando o fechamento sem fim dá um respiro, boto a cabeça pra fora e relincho algo no tuíter. Segue lá!

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