Marcos Malucelli, presidente do Atlético, atende a imprensa na porta de entrada do centro de treinamento. Dirigente avisa: “Quem não está comprometido, pode sair”
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Mais um capítulo da saída de Paulo Rink do Atlético – espero que seja o último. Falei agora à tarde com o presidente Marcos Malucelli, que basicamente questionou a declaração de que Paulo Rink não estava com a delegação em Florianópolis. O dirigente também falou das atribuições de Rink no clube (menores que a de Ocimar) e do episódio do jogo na Bahia, do qual Paulo Rink foi tirado da delegação.

O Paulo disse que tinha a atuação limitada pela diretoria. Quais eram as atribuições dele?
O Paulo era responsável pela gerência de futebol, tinha uma função mais burocrática. Verificar contrato de jogador e antecipar algumas situações, aproveitar a vivência dele no exterior para tentar alguns contatos lá fora, ver jogadores que poderiam ser úteis – mas não chegamos nem mesmo a contatar nenhum deles porque não nos interessavam.

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O senhor pode citar algum jogador indicado por ele?
O Kempes, que hoje está no América Mineiro. Ele indicou, eu falei que era bom jogador e disse para ir atrás. No dia seguinte ele veio e falou que o Kempes já tinha feito os sete jogos, então não poderia se transferir. Então eu falei: “Poxa, Paulo, mas você deveria ter visto isso antes de indicar”. Os outros eram piores do que os que temos aqui, não tinha por que ir atrás.

Vendo de fora, a impressão era de que o Ocimar tinha muito mais autonomia que o Paulo. Isso realmente acontecia?
Sim. O Ocimar era um profissional da área, um executivo com formação e experiência. O Paulo chegou totalmente cru, nunca tinha exercido a função antes. Estava aprendendo enquanto trabalhava no Atlético, vendo como lidar com procurador, empresário. Por exemplo. O Adilson queria lançar o Pablo, sendo que ele tinha contrato até novembro de 2012. Eu que falei para o Paulo Rink renovar o contrato antes de subir o menino para o profissional. Senão acontece de o jogador entrar em campo, faz dois, três bons jogos, não quer renovar mais, fica até acabar o contrato e vai embora. Então o Paulo foi, falou com o procurador, contornou essa situação depois de eu pedir. Semana passada mesmo, mandei ele por conta do clube para um encontro de gerentes de futebol em São Paulo, para ele fazer contatos, aprender. O encontro era quarta. Quinta-feira cheguei no clube e me falaram que ele tinha ido direto para Florianópolis, para fazer contatos e receber um representante do Hoffenheim. Viajou por conta do clube. Só fui encontrar o Paulo domingo, uma e tanto da tarde, quando ele chegou para o almoço com uma cara mal dormida. Depois do jogo é que fiquei sabendo que tinha um torneio de poker acontecendo em Florianópolis desde sexta-feira e que ele estava jogando.

O Paulo disse que não estava com a delegação, por isso se sentiu à vontade para jogar o torneio.
Ele não estava com a delegação porque foi já na quinta-feira para Florianópolis. Aliás, justiça seja feita, a diária de quinta para sexta e de sexta para sábado ele pagou do bolso dele, a consciência deve ter pesado. Mas de sábado para domingo ele já passou para a conta do clube. E quinta e sexta o clube estava pagando o salário dele para ele estar no CT trabalhando e ele estava jogando um campeonato de poker. Ele saiu exclusivamente por causa disso. A gente está nessa luta contra o rebaixamento e ele fora do clube para jogar poker.

Então o senhor estava satisfeito com o trabalho dele?
Embora inexperiente, dentro das condições possíveis ele vinha cumprindo bem o seu papel. É uma pessoa de confiança, sério, atleticano.

Depois é sempre mais fácil avaliar, se tivesse dado certo se falaria que foi uma aposta genial. Mesmo assim, não foi uma aposta de risco entregar um cargo tão estratégico a alguém sem experiência?
Não foi um risco porque eu costumo acompanhar de perto, alerto, oriento. Se deixasse por conta, uns cinco meninos da base tinham subido com contrato vencendo.

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O Ocimar saiu muito pela rejeição da torcida por ele ter sido presidente do Paraná…
Exclusivamente por isso.

O Paulo era o oposto, um ídolo. Isso pesou na escolha?
Não teve paralelo entre uma coisa e outro. O Paulo já tinha trabalhado conosco como relações internacionais, manifestou interesse no cargo, pediu a oportunidade e nós demos.

Mas era um benefício inegável…
Sempre gosto de ter gente nossa trabalhando no clube. Quando o Ocimar veio foi porque não tinha quem assumisse. Eu peguei o departamento de futebol em setembro de 2008, fui eleito presidente e só saí do futebol em julho, quando o Ocimar veio. Eu não conseguia quem pudesse assumir. O Ocimar veio como gerente, mas virou diretor porque nem diretor tínhamos, até o Valmor assumir.

Ele também se queixou de ter sido tirado da viagem para o jogo em Salvador, por não ver sentido em o gerente de futebol não estar com o clube. Quem tomou essa decisão?
Foi um pedido meu para que ele ficasse em Curitiba para tratar da renovação de três garotos da base. Como uma viagem para um jogo a Salvador acaba consumindo quatro dias e a semana tem cinco dias úteis, considerei que era tempo demais para ele ficar fora.

O Paulo comentou que chegou a manter um contato para que uma empresa de jogo patrocinasse a camisa do Atlético, mas que a mentalidade no Brasil ainda não permite. Isso chegou ao senhor?
Sim. Ele me falou de uma empresa de jogo interessada em patrocinar manga ou camisa. Era interessante, mas a legislação brasileira não permite. Em 2007 ou 2008, o Petraglia tinham levado a mim, no departamento jurídico, uma consulta similar, havia uma empresa interessada em nos patrocinar, mas a legislação já não permitia. Então nem levamos adiante, pois não seria possível fechar negócio. Não sei o nome da empresa nem quanto investiria.

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A ligação antiga do Paulo Rink com o Petraglia influenciou de alguma fora a autonomia dada a ele ou a sua relação com ele no clube?
Nunca tive problema algum com nenhuma pessoa que tivesse relação com o Petraglia ou tivesse sido indicada pelo Petraglia. O único funcionário [da Arena] indicado por ele que mandamos embora foi uma moça do Espaço Sócio Furacão, ainda no primeiro dia. Só. Todos os outros que saíram foram por vontade própria para trabalhar com ele. No CT, o único que dispensamos foi o Ticão, pois ele viajava e sempre voltava com jogador de outro clube a tiracolo. E eu não admito, nas categorias de base hoje não temos um jogador tirado de outro clube. Então chamei o Ticão e achamos melhor ele sair. Não sei se o Paulo mantém contato com o Petraglia, não me interesso em saber o que os funcionários fazem fora do clube. O Paulo sempre foi uma pessoa de confiança e aqui dentro não temos nada a esconder.