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Mesmo projeção conservadora fará Atlético ganhar mais com naming rights que o Palmeiras
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Lucas Elam/Portal da Copa/março de 2013
Para a Fifa, Atlético diz que a Arena será entregue no prazo

Os R$ 300 milhões que a Allianz desembolsará para batizar o estádio do Palmeiras, pelos próximos 20 anos, ajudam a dar a noção real do quanto as novas arenas brasileiras poderão arrecadar com naming rights. O acordo da Itaipava com a Fonte Nova (R$ 10 milhões/ ano) surpreendeu pelo valor elevado, enquanto o Palestra Itália é condizente com um mercado maior e mais forte. E ambos servem de parâmetro para o acordo que o Atlético busca para a Arena da Baixada.

Na defesa do pedido de financiamento ao BNDES, o Atlético apresentou uma projeção de R$ 4,5 milhões anuais de faturamento com o batismo do estádio. O cálculo foi feito pelo Amir Somoggi, um dos principais consultores de marketing e gestão esportiva do país. O próprio Somoggi admitiu ter sido conservador no estudo. E o próprio mercado tratou de reposicionar essa estimativa. Fernando Trevisan, outro consultor da área, prevê um ganho de R$ 6 milhões/ ano.

Acontece que mesmo a projeção conservadora, se confirmada, levará o Atlético a por mais dinheiro no bolso que o Palmeiras. Como? A explicação está nos contratos de gestão do estádio firmado por cada clube.

O Palestra Itália tem toda a operação comandada pela WTorre. Em troca da segurança de ter o respaldo de uma empresa consolidada no mercado da construção civil, o Palmeiras ficará com apenas 20% das receitas do estádio pelo período de 30 anos. Isso quer dizer que, dos R$ 15 milhões anuais pagos pela Allianz, somente R$ 3 milhões entrarão efetivamente no caixa palestrino. Dá R$ 60 milhões até o fim do contrato.

No caso do Atlético, a escolha assumidamente mais arriscada da autogestão da obra traz como benefício deixar no próprio clube uma fatia maior do que for faturado. O único valor que ficará pelo caminho serão os 12% a que a AEG tem direito das publicidades do estádio, conforme prevê o contrato firmado entre as duas partes — a AEG também opera o Palestra Itália, mas a sua comissão sai dos outros 80%.

Caso feche um naming right na estimativa conservadora, o Atlético ainda assim ficará com R$ 3,96 milhões/ ano. Ao final dos dez meses do contrato — está na projeção, mas nada impede de ser maior –, serão R$ 39,6 milhões no caixa rubro-negro. É uma receita líquida 30% que a do Palmeiras.

É preciso, claro, relativizar as coisas. A comparação trata de um contrato firmado com um que ainda não existe. O bom valor fechado pela Fonte Nova deriva diretamente da atuação da Itaipava no mercado — acabou de instalar uma fábrica na Bahia, quer se expandir no Nordeste, o carnaval de Salvador é uma mina de ouro para quem vende cerveja.

São Paulo tem um mercado muito maior. Grande a ponto de valer a pena para uma empresa injetar milhões em uma ação que, à primeira vista, vai deixar uma torcida apaixonada e outras duas, maiores, ressabiadas com sua marca.

Curitiba tem suas particularidades. Investir aqui em um estádio particular talvez cause receio em quem atua diretamente com consumo – basta lembrar que a TIM patrocinou o trio de ferro e a Claro estampou a marca nas camisas de Coxa e Atlético. Mas continua sendo uma pedida interessante para quem tenha clientes mais empresariais e queira começar a acostumar o mercado nacional com a sua marca — sim, me refiro à Kyocera.

Ainda assim, mesmo com esses senões, os dois primeiros passos concretos do mercado de naming rights da nova leva de estádios brasileiros devem ser vistos com otimismo pelo Atlético. E a decisão do clube de gerenciar o próprio estádio dá a segurança de fazer negócios realmente bons, mesmo aqueles que à primeira vista soem menos lucrativos que os de outras arenas.

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