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Alguns jogos têm sua história redefinida a partir de um lance. Coritiba x Palmeiras foi um deles. Eram 14 minutos do primeiro tempo, Rafinha deu um tapa na bola de pé direito e deixou Bill na cara de Marcos. Inexplicavelmente (talvez estivesse pensando em de que lado estava a câmera para registrar o seu João Sorrisão), Bill matou a bola com a direita e bateu fraco de esquerda, nas pernas do goleiro palmeirense.

Um gol naquele momento teria matado o jogo. O Coritiba já vencia por 1 a 0 e o Palmeiras estava encolhido. O gol logo aos 9 minutos claramente despertou as piores lembranças no time paulista. Não que o 6 a 0 fosse se repetir, mas o comportamento do Palmeiras entre Jéci abrir o placar e Bill perder a chance nítida de ampliá-lo era de quem estava diante de uma derrota inevitável.

O susto acordou o Palmeiras, que se reorganizou e passou a usar suas duas melhores armas. A primeira, a bola parada de Marcos Assunção, para a qual abro um parênteses (jogadores de futebol não têm a noção de que dar uma casquinha de cabeça em bola cruzada na área é mais letal do que não encostar nela?). O gol saiu a partir dela.

A segunda, amarrar o jogo até inviabilizar qualquer tentativa do adversário chegar organizadamente ao ataque. *Felipão obriga o outro time a ser tão ruim quanto o seu, então o Palmeiras prevalece. Com poucas exceções, assim que o time de Felipão tem vencido seus jogos.

O Coritiba também colaborou. Marcos Aurélio e Rafinha passaram a maior parte do tempo fora do jogo. Rafinha ainda acordou nos últimos dez minutos, quando perdeu a melhor chance de desempatar o jogo, chutando em cima de Marcos; Marcos Aurélio, nem isso.

A dificuldade do time em cruzar direito uma bola na área também foi irritante. De falta com Tcheco ou com jogo rolando a partir de Maranhão, Eltinho e depois Triguinho, a bola invariavelmente morria no pé de um zagueiro palmeirense. Tirando o lance já citado com Rafinha, a equipe pouco fez para merecer outro gol.

O Brasileirão está completando a 14ª rodada e o Coritiba acomodou-se pelo meio da tabela. O futebol apresentado até aqui é suficiente para evitar um rebaixamento, mas não dá esperança de brigar mais em cima. Hoje, o gol de Bill poderia ter encaminhado um final diferente. Mas no geral, o camisa 9 é um dos poucos a ir além da marcha lenta que contamina o time no Brasileiro.

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* Para fazer justiça, a definição da “estratégia” do Felipão é inspirada em uma coluna do Tostão de 25 de novembro de 2009. Segue o trecho que inspira a menção: “Os técnicos sonham em ver seu time jogar e não deixar o adversário jogar. Antônio Lopes, treinador do Atlético-PR, deve sonhar em ver as duas equipes não jogarem. Ele obriga o outro time a ser tão ruim quanto o seu.”

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