Sim, este post tem elevadas doses de “eu te disse! eu te disse! eu te disse!”. Então para quem não curte o estilo, recomendo Alt+F4 ou um maracujazinho bem gelado.
A excelente entrevista do Alex ao Marcos Xavier Vicente, na Esportiva deste domingo, é a mais completa autópsia do 2013 alviverde. Alex tem com as palavras o mesmo trato com a bola: é econômico e preciso, sem virtuosismos. Algumas declarações explicam como um time que chegou a liderar o campeonato bateu na porta da Série B.
“Não acredito em deslumbre. Acredito em supervalorização.”
“[Erro] De achar que era um baita time por ser líder da competição, por fazer não sei quantos jogos que não perdia. No dia a dia, a gente fez vários alertas, dizendo ‘olha, não funciona assim, o ano é longo, tem muita coisa para acontecer’. Só que aí você vira advogado do diabo.”
“O pessoal me ouviu, mas não me escutou. Peguei fama que estava falando muito e me retraí. Tinha de estar todo mundo na mesma sintonia. E a gente não tinha essa sintonia. Aí as dificuldades vieram.”
“O estalo só veio na partida com o Criciúma, porque ali mudou tudo. Quem não havia percebido que o momento era de risco, passou a perceber. Do início do segundo turno até o jogo com o Criciúma muita gente não entendia que o momento era delicado. Só que a situação estava delicada desde a derrota para o Atlético no início do returno. Muitos demoraram para ter essa percepção.”
A dissonância entre a campanha do Coritiba nas primeiras rodadas do Brasileiro e as possibilidades reais do time alimentou horas de debate entre eu, Guilherme de Paula, Cristian Toledo, Edilson de Souza e Marcelo Ortiz na 98. Também motivou algumas colunas minhas na Gazeta do Povo. E para não ficar só naquilo que eu participei diretamente, lembro do Carneiro, do Mafuz e do Jairão como outros que se mantiveram firmes mesmo quando o Coxa era o único invicto do Brasileiro. Ou antes, ainda, quando o Coritiba demorava engrenar e ganhar forma no Paranaense, embora caminhasse para o título do turno — quem não lembra do Willian e do Pereira comemorando a vitória em Londrina como final de Copa, como resposta a quem dizia que o time não estava evoluindo?
A sequência da temporada mostrou que os chatos estavam mais certos que errados — eu ainda esperava um Coritiba vagando do 8.º ao 12.º lugar, ao invés de implorando para cair, como em alguns momentos. O torcedor exerceu seu sagrado direito de festejar o #coxalíder. Nada contra. O problema foi quando essa euforia contaminou quem estava dentro do clube, algo que Alex deixa muito claro ter acontecido. Aí, meu amigo, se as pessoas lá dentro não ouviam nem o maior ídolo, certamente não ouviriam os xaropes de fora.
O Coritiba acordou a tempo. Às vezes um clube precisa do choque do rebaixamento para corrigir seu rumo. O Coxa passou por isso após 2009 e se emendou. Cair de novo seria uma pena grande demais para quem, claramente, se deixou levar pela soberba. O susto deve ser suficiente.
Ao longo da entrevista, Alex revela que a lição foi aprendida e que 2014 será um extensão do que se começou a construir no fim do ano passado. Isso ajuda a explicar o elenco não ter sido totalmente refeito na virada do ano, com saídas e chegadas pontuais. Fica no ar também um otimismo pouco comum para Alex, um cara sempre com os pés no chão. Os calos do ano passado permitem a ele ter essa visão. Resta ver como o time reagirá à sequência de resultados. E não falo de derrotas. Não saber vencer é o maior mal que pode atingir um ser humano.
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