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Na prancheta de Vágner Mancini, há espaço para Paulo Baier

A troca de Ricardo Drubscky por Vágner Mancini deve trazer, na carona, uma mudança tática no Atlético. A maioria dos trabalhos do novo treinador rubro-negro é com times armados com o meio-campo em losango, ou, em português mais claro, três volantes. Não é, necessariamente, uma guinada defensiva.

 

Em várias equipes um desses volantes é um meia que volta por um dos lados para ajudar na marcação. Há uma intenção dupla nessa formação. Auxiliar os laterais na marcação (algo que o Atlético precisa, principalmente do lado esquerdo) e dar liberdade a uma peça mais avançada do meio (sim, esse cara pode ser Paulo Baier).

 

Vamos dar uma passada por alguns dos trabalhos de Mancini para ver como funcionava essa armação do time. E ver como é possível adaptar este esquema ao Atlético atual.

 

Paulista de Jundiaí, o melhor trabalho

PaulistaJundiai

Logo na estreia como treinador, Vágner Mancini conquistou o seu maior título, o da Copa do Brasil de 2005. E lá estavam os três volantes. Amaral era a peça mais recuada, com Cristian (que jogaria no Atlético) pela direita, com mais liberdade, e Fábio Gomes pela esquerda (um pouco mais preso).  Juliano jogava entre o centro e o lado esquerdo. Márcio Mossoró ficava mais à frente, pela direita. André Leonel era o homem de área. Uma variação entre o 4-3-1-2 e o 4-3-2-1 que reduzia os espaços do oponente no meio-campo.

 

Ceará, da semifinal ao rebaixamento

Ceará

Vágner Mancini fez uma campanha de extremos no Ceará. Campeão estadual e semifinalista na Copa do Brasil no primeiro semestre, saiu com o time já a caminho da Série B. O 4-3-1-2 esteve presente em todos os momentos. O time acima é o da primeira semifinal da Copa do Brasil, contra o Coritiba (0 a 0 no PV). O meio-campo armado em losango, mas com uma diferença entre João Marcos e Thiago Humberto. João Marcos ficava mais preso, enquanto Thiago Humberto se aproximava mais do ataque com a bola no pé. Michel era a peça presa na frente da área. Um alinhamento similar ao do tripé do Paulista. A diferença está mais à frente. Geraldo era a ponta do losango. Iarley ficava mais à frente, com Washington fixo na área. Durante o Brasileiro, Mancini trocou Thiago Humberto por Eusébio e Iarley por Osvaldo. Ganhou velocidade na frente, mas perdeu poder de criação no meio.

 

Cruzeiro de 2012, eliminado pelo Atlético

Cruzeiro

Vágner Mancini salvou o Cruzeiro do rebaixamento em 2011, com os polêmicos jogos contra Atlético Paranaense (gol irregular validado) e Mineiro (o 6 a 1) nas rodadas finais. Deixou a Raposa após ser eliminado pelo Furacão da Copa do Brasil de 2012, dentro de casa. Novamente, um meio-campo em losango, com um lado mais liberado (Souza) e outro mais preso (Marcelo Oliveira). O vértice avançado, Róger, como sempre com liberdade para encostar nos atacantes. Na frente, aí sim, algo pouco habitual no trabalho de Mancini: dois homens de área, Anselmo Ramon e Wellington Paulista.

 

Sport, o time que venceu no Couto Pereira

Sport

Vágner Mancini não estará no banco de reservas no Atletiba. Ruim para o Atlético, pois seu treinador tem uma vitória recente sobre o Coritiba, dentro do Couto Pereira, no currículo. Ano passado, o Leão saiu de um 2 a 0 no primeiro tempo para uma vitória por 3 a 2 na etapa final. Notem que o losango estava presente no meio. O ataque também teve uma mistura pouco convencional no trabalho do treinador: dois homens de velocidade, Felipe Azevedo e Henrique. Funcionou contra – bom frisar – o time reserva do Coxa, envolvido com as finais da Copa do Brasil.

 

Náutico, o último trabalho

Nautico

O último jogo de Vágner Mancini no banco de reservas foi em 7 de abril deste ano. Aniversário do Náutico e… derrota para o Santa Cruz dentro do Aflitos, por 2 a 0. Em campo, um típico time de Vágner Mancini. Um volante mais marcador (Elicarlos), duas peças com capacidade de marcar e criar (Rodrigo Souto e Martinez), um meia de aproximação (Marcus Vinícius), um atacante de velocidade (Rogério) e um poste (Elton). Merece destaque a presença de Douglas Santos, lateral-esquerdo ofensivo, exatamente como Pedro Botelho.

 

Vitória de 2008, uma ótima exceção

Vitoria

Vágner Mancini levou o Vitória ao título baiano e à beira da Libertadores em 2008. Um trabalho consistente, de quase um ano (o mais longo desde a saída do Paulista) e uma formação mais parecida com a do Paulista de 2005 que dos seus trabalhos mais recentes. Uma dupla de volantes-volantes fazia a proteção da boa zaga, liderada por Anderson Martins e Leonardo Silva. Ramon era o responsável pela criação de jogadas para as flechas Marquinhos e Willians, que se alternavam pelos lados do campo. Na frente, um finalizador, Dinei.

 

Ok, mas e o Atlético, companheiro?

 

Agora, o ponto que nos interessa diretamente. Como aplicar esse estilo Vágner Mancini no atual elenco atleticano? Seja qual for a opção (losango ou 4-2-3-1), há espaço para Paulo Baier ser titular.

Atletico1

Com o losango, o trio de volantes faz o serviço sujo de marcação e permite a Baier jogar perto da área, onde ele rende muito bem. A questão é: quem seriam esses volantes? Considerando que Mancini não escala necessariamente brucutus pelos lados, ele pode trabalhar com Deivid ou Bruno Silva preso; João Paulo e Everton, Zezinho e João Paulo ou Zezinho e Everton pelos lados. A questão é que os três rendem melhor pelo lado esquerdo. Everton me parece o mais adaptável e João Paulo, embora seja destro, o que mais sofreria tendo de jogar pelo lado direito. Na esquerda, João Paulo arma o jogo virado para dentro do campo, com visão ampla.

Atletico2

A segunda opção, do 4-2-3-1, mantém o Atlético jogando como nas três últimas partidas. Ou seja, há espaço para Paulo Baier jogar como titular, sendo o meia centralizado. Tenho dúvidas apenas quanto a Ederson ser o atacante centralizado.

 

Exceto no Sport, em todos os exemplos Mancini tinha um homem de área. Uma porta que se abre para Marcão voltar a ser titular. Prova evidente de que o problema do novo técnico do Atlético não está em adaptar o elenco à sua prancheta, mas sim em ter jogadores que sejam, de fato, solução dos problemas rubro-negros.

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