CARREGANDO :)

Algumas vitórias já nascem lendárias. Envolvem circunstâncias especiais, personagens fabulosos, um vilão bem definido e têm inúmeras reviravoltas até a redenção final. Alguns jogos precisam de anos de boca a boca para se tornarem lendas. Outros jamais conseguem reunir todos esses ingredientes.

Santos 2 x 3 Coritiba já sai assim de fábrica. O estádio era especial. O adversário era campeão da América. Do outro lado do campo estavam as duas maiores revelações do futebol brasileiro em anos. A derrota esteve na cara do Coritiba três vezes. O árbitro extrapolou os limites da ruindade e claramente favoreceu o time da casa. A timidez de quem se satisfaz com o empate foi substituída pela indignação de quem se recusa a perder injustamente. Não há dúvidas. Santos 2 x 3 Coritiba é lendário desde o exato momento em que Antonio Schneider encerrou a partida na Vila Belmiro.

Publicidade

Não é possível apontar um único herói na vitória coxa-branca. Mas há algumas pequenas redenções na partida que ajudam a contar a sua história.

A redenção de Edson Bastos. Inconstante há algum tempo (sigo achando que ele merece um banco), o camisa 1 errou no primeiro gol santista ao ficar no meio do caminho após o cruzamento de Pará para Borges. Parecia caminhar para mais uma exibição nota 5 quando salvou Antonio Schneider de ter no currículo a intervenção decisiva para a vitória santista. Pois o pênalti em Neymar só seria admissível em um jogo de basquete, onde qualquer contato físico é punido. No futebol, relar não é falta nem pênalti. Schneider superprotegeu Neymar o jogo inteiro, como bem observou Nìcolas França, editor-assistente da Gazeta do Povo, e deu um pênalti que não foi. E que não virou gol graças ao voo perfeito de Edson Bastos para dar um tapa de mão esquerda na bola chutada por Borges que ia para o canto esquerdo.

A redenção de Jéci. Um perigo ambulante, que não estava colado em Borges nos dois gols santistas, mas foi um centroavante matador ao aproveitar o cruzamento de Léo Gago e empatar o jogo por 1 a 1.

E por falar nele, a redenção de Léo Gago. De volta ao time, deu um passe preciso e consciente para Jéci empatar o jogo e teve a frieza de goleador para virar a partida.

Redenção de Marcos Aurélio e Leonardo. Os ex-titulares que saíram do banco para dar vida ao ataque coxa-branca, para mostrar ao Santos que o Coritiba não estava ali somente para se defender. A dupla deu sua contribuição decisiva ao dividir o gol do 2 a 2. Leonardo com um toque de calcanhar preciso, que descobriu Marcos Aurélio livre, na entrada da área, para chutar sem defesa para Rafael.

Publicidade

Redenção de Marcelo Oliveira. Mais uma vez o treinador caiu na tentação de por em campo um time recuado, que fazia ligação direta da defesa ao ataque, mas que foi mudando gradativamente ao longo do segundo tempo. Primeiro com a entrada de Marcos Aurélio e Leonardo. Depois com a coragem de encarar o Santos após Édson Bastos pegar o pênalti. E, por fim, com a entrada de Geraldo, o movimento que deixou o Santos nas cordas antes do golpe certeiro de Léo Gago.

E redenção, claro, do Coritiba. A vitória sobre o Atlético Mineiro indicou que o Coxa havia encontrado o caminho, a questão era se conseguiria se manter nele nas duas partidas fora de casa. Apesar do pequeno desvio no início, a virada sobre o Santos não deixa muita dúvida de que o clube ficará na metade boa da tabela.

Daqui a alguns anos, quando lembrar da campanha coxa-branca em 2011, o torcedor certamente fará com carinho do 3 a 2 sobre o Santos. Muita gente vai achar que é lenda. Mas as imagens não deixarão dúvida: foi tudo verdade.

*****

Não sou muito de comentar arbitragem. A maioria dos erros deriva de má colocação ou de incompetência pura e simples. Antonio Schneider foi além disso. Nervoso o jogo inteiro, distribuiu cartões em excesso (para os dois lados) e implantou uma inexplicável tolerância zero com Neymar: encostou, era falta. Algo que virou uma armadilha para o Coritiba, claramente disposto a chegar firme no craque santista.

Publicidade

Ainda houve os pênaltis. O para o Santos não houve. Neymar sentiu o toque e desmoronou. E o para o Coritiba foi muito pênalti. O normal seria Schneider apontar a cal e expulsar Rafael pela falta em Leonardo. Não fez uma coisa nem outra, e ainda amarelou o atacante do Coritiba. No fim, a arbitragem desastrosa reforçou o heroísmo da vitória alviverde e deixou uma robusta lista de suspensos para o jogo com o Avaí.