Martín Ligüera jogou 135 minutos com a camisa rubro-negra. Pouco mais de duas horas de futebol distribuídas por três jogos. Três gols marcados. Participação em outros dois. Não é necessário mais do que isso para constatar um processo de troca de rótulo na Baixada. O time que nos últimos três anos foi o Atlético de Paulo Baier está se transformando no Atlético de Ligüera.
Essa mudança não se restringe aos gols – todos importantes para as vitórias sobre Toledo, Iraty e Corinthians Paranaense – nem à empatia imediata com a torcida, que precisa forçar a memória para lembrar do último reforço a começar tão bem sua história no clube.
O Atlético que está sendo construído por Juan Ramón Carrasco tem o ritmo de Ligüera. O que não está nem perto de ser coincidência. Carrasco conhece Ligüeira há quase uma década, pediu sua contratação. E parecia estar preparando o time para o uruguaio, tão fácil o seu estilo casou com o do novo Atlético.
Há de se fazer o desconto da fragilidade dos adversários, é verdade, mas o Atlético de hoje, pela primeira vez com Ligüera titular, foi diferente. A correria natural de um time de garotos ganhou alguém capaz de dosar seu ritmo. Ligüeira acelerou e acentuou a rotação do time rubro-negro. Não com os passes longos e precisos de Paulo Baier nos seus bons momentos, mas se aproximando dos companheiros para trocar passes, mantendo a bola mais no chão do que viajando em lançamentos, e, claro, aparecendo na área para finalizar.
E o melhor de tudo, Paulo Baier ainda está lá, como uma reserva para qualquer emergência. Depois de anos na nota única da bola parada, é um colírio para os atleticanos olhar para o campo e encontrar mais de uma maneira de jogar, mais de uma maneira de vencer e outro maestro para o seu time. Muito prazer, este é o Atlético de Ligüera.
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