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Para começar a sexta-feira, reproduzo a coluna de hoje, na Gazeta do Povo impressa. Texto escrito a partir de uma conversa com Hussein Zraik, presidente do Atlético entre 1994 e 95. Não lembro exatamente o dia que o Hussein assumiu, mas o da sua saída vem fácil, 17 de abril de 1995. Na véspera, o Atlético levou 5 a 1 do Coritiba. Hussein, isolado e acossado por Petraglia, renunciou, Petraglia assumiu e o resto da história é conhecido. Hussein foi tirado das sombras esta semana, espera-se dele e de outros ex-dirigentes uma missão de paz para promover uma trégua entre Petraglia e Malucelli. Fiz a Hussein a única pergunta que considero realmente ser pertinente fazer a ele: Se ele aconselha Malucelli a fazer o mesmo que ele, renunciar. Segue o texto…

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O dia 17 de abril de 1995 é um dos mais importantes da história atleticana. Foi quando Hussein Zraik renunciou à presidência para dar lugar a Mario Celso Petraglia. Na véspera, o time havia levado 5 a 1 do Cori­­tiba, no Couto Pereira. A partir dali, o Atlético teve um crescimento patrimonial e futebolístico que jamais havia experimentado, algo devidamente registrado e bem vivo na memória coletiva, na galeria de troféus no clube, na existência da Arena e do CT do Caju.

O Atlético de 16 anos atrás era infinitamente menor que o atual. Faltava dinheiro, faltava lugar para treinar, faltava perspectiva de futuro. Mas a circunstância política era similar à atual: um presidente isolado, cercado por um Petraglia que articulava a tomada do poder. Assim, torna-se pertinente perguntar a Hussein se ele aconselha Marcos Malucelli a tomar a mesma atitude que ele.

“O Marcos não deve renunciar”, disse Hussein à coluna, para pontuar as diferenças que fazem ele acreditar que há outra saída para o atual presidente. “A oposição naquela época era muito forte, o Petraglia era muito articulado e poderoso. Fiquei totalmente isolado na presidência, com dinheiro escasso e tive de sair. O Marcos está isolado, mas ainda assim há um grupo de quatro, cinco pessoas em torno dele e o clube tem respaldo financeiro.”

Depois de deixar a presidência, Hussein Zraik não voltou a fazer parte da vida política do clube. Vai apenas a jogos esporádicos. Jura não se arrepender da renúncia porque a partir dali o Atlético se tornou muito maior. Acabou quase virando um personagem veladamente maldito nos círculos rubro-negros. Seu nome voltou ao noticiário esta semana. É em figuras como ele, Valmor Zimmermman, Ademir Adur, Marcus Coelho e Nelson Fanaya, entre outros, que está a aposta na pacificação política do Atlético, algo indispensável para que o time tenha tranquilidade para fugir do rebaixamento.

A missão é inglória, quase utópica. As farpas trocadas entre Malucelli e Petraglia tornam uma reaproximação algo quase impensável. Quando Petraglia anunciou que concorreria à presidência em dezembro, escrevi que ele deveria ser mais atleticano do que candidato. Digo o mesmo sobre Malucelli. É o momento de ele ser mais atleticano do que presidente. Colocando a paixão pelo clube acima das disputas políticas, os dois entenderão a necessidade de um armistício de cinco meses. Não há vencedor em eleição de clube que acabou de ser rebaixado.

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Ainda sobre o Atlético, chamo a atenção para matéria assinada por Gustavo Ribeiro, na Gazeta do Povo desta sexta-feira. A reportagem trata do silêncio de Malucelli em meio aos pedidos de renúncia e esmiúça números da gestão Malucelli. Salta os olhos o elevadíssimo índice de erro nas contratações. De 2009 para cá, 63 jogadores adquiridos em definitivo ou por empréstimo. Destes, 44 foram dispensados. Prova incontestável da incompetência do Atlético em montar plantéis. Algo que, bom frisar, já vinha acontecendo desde os últimos anos da era Petraglia.

Reproduzo o infográfico que acompanha a matéria, com números muito interessantes. A reportagem completa está aqui.


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