Sim, a semana é de Atletiba, mas considerando que a cabeça e o coração dos atleticanos estão na Libertadores, dá para deixar a piazada de lado no Alto da Glória e falar do time principal treinado por Dado Cavalcanti. O Coritiba que entrará em cena após o clássico tem sido esboçado no CT da Graciosa e tem uma cara familiar. Tanto para o torcedor, diante das poucas mudanças no elenco, como para o técnico, que molda um Coxa ao seu estilo.
Dado Cavalcanti é adepto do 4-1-4-1. Um meio-termo numérico para dois sistemas distintos. Com a bola, um 4-3-3 à moda antiga, com dois velocistas e um homem de referência. Sem a bola, um 4-5-1 hermético, com poucos espaços entre as linhas. O Mogi do ano passado jogava assim. O Paraná dos bons momentos, idem.
O time exposto ao lado treinou na tarde desta quarta-feira no CT da Graciosa. Para ser mais exato, começou com Julio Cesar na frente. Deivid veio depois.
O primeiro sinal de evolução dentro do trabalho de Dado no Coxa é que ele percebeu que Willian e Urso juntos é atraso de vida. Dois bons marcadores que passam mal a bola. O Coritiba perde dinamismo na saída de jogo, uma das bases dos times do Dado. Urso faz bem o papel de marcação e sai melhor que Willian. Merece ser titular.
Gil está logo à frente para dar sequência à transição para o ataque. Na defesa, é o cara que vai se matar para Alex tomar um fôlego. Nada mais justo. Moacir vai aparecer muito por ali. É homem de confiança do Dado. Me agrada a opção com Robinho. Melhora a saída de bola, há uma alternativa real de armação para quando Alex estiver marcado e defensivamente o time não perde tanto.
Dos lados do campo é que o jogo realmente acontece nos times de Dado Cavalcanti. Roni sabe bem disso. Foi artilheiro no Mogi jogando aberto pela esquerda, papel que repetirá no Coritiba. Fará uma dupla interessante com Carlinhos. Em alguns jogos é natural que Diogo apareça, para reforçar a marcação.
Na direita, a solução de Norberto no meio é interessante. Basicamente, vale o mesmo que escrevi sobre Suéliton no Atlético. Você pega um lateral muito ofensivo e avança para explorar esse potencial e não perder na marcação. No caso do Coxa, quem fica na lateral, Victor Ferraz, também ataca demais. Aí deveremos ver uma troca constante de posições entre Victor e Norberto, dois alas. Gil também deve aparecer ali para ajudar a marcar, embora com o risco de sobrecarregar Alex. Sem falar em Moacir, coringa para as três funções. Leandro Almeida será fundamental para coordenar essa movimentação.
Por falar em movimentação, a de Deivid será muito importante. Sim, aquela que ele costuma fazer para Alex entrar com falso 9. Agora haverá duas opções de diagonal, com Roni e Norberto. Ótimo na teoria. A conferir na prática. Especialmente a conferir se Deivid estará mais vezes em campo do que ano passado. Zé Love é a opção para a mesma função.
Certo, mas e o Coritiba vai jogar sempre assim? Não. No manual de Dado Cavalcanti há espaço nobre para outro esquema, um 4-4-2 mais clássico. Não vejo esse esquema sendo muito utilizado. Afinal de contas, tira os velocistas do time, obriga Alex a cair um pouco mais para a esquerda, com menos campo para jogar. Mais viável imaginar esse time em um jornada sem Alex.
Aí, a composição é simples. Pode até aparecer Willian e Urso juntos, o que é ruim. Mas também pode ter um deles com Moacir ou Gil. Nas meias dá para projetar a escalação de Robinho e Diogo Sodré. Notem que como são meias com mais característica de armação, Norberto ficaria com menos espaço. Pode aparecer na lateral, no lugar de Victor Ferraz.
O mais interessante é a composição ofensiva. O 4-4-2 permite a utilização de Zé Love e Deivid juntos. Uma opção para jogos em que o Coritiba precisar de mais força na área sem necessariamente ter dois caras fincados lá dentro o tempo todo. Roni também pode fazer companhia a um deles, dando mais velocidade ao ataque.
Todas alternativas que fazem parte do conceito de futebol de Dado Cavalcanti. E que somente os jogos permitirá descobrir qual levará o Coritiba longe na temporada.
