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Atualização das 17h35: Cerca de uma hora e meia depois da publicação deste post, o perfil de Petraglia no Twitter voltou à ativa. Descontando-se este aspecto, mantenho a mesma análise do comportamento do dirigente nas redes sociais. Ah, o perfil no Facebook segue inativo. O texto está exatamente como foi escrito originalmente


Aviso do início da tarde, dando como inexistente o perfil de Petraglia, e página de volta à ativa, horas depois.

A primeira derrota do Atlético na Série B – e as consequentes cobranças pelo resultado – fizeram duas vítimas: as contas do presidente Mário Celso Petraglia no Twitter e no Facebook. O dirigente apagou os dois perfis hoje, um dia depois de chamar de “maus atleticanos” os torcedores que reclamaram da derrota para o Boa, deixando um interessante caso a ser estudado. Não sou especialista em redes sociais (já deu tempo para alguém verdadeiramente ser um?), mas vou arriscar uma análise. Conto com vocês para reforçá-la – ou destruí-la – nos comentários.

Enquanto estava fora do clube, Petraglia usou com eficiência as redes sociais. Antes mesmo de existir formalmente, sua campanha já ganhava musculatura no Twitter e no Facebook. Uma crítica à administração Marcos Malucelli aqui, uma lembrança dos seus bons momentos no clube ali, algumas promessas acolá. Tudo amparado por um rede fiel de seguidores, que replicava e amplificava tudo que era dito por Petraglia. Em outros casos, era MCP quem passava adiante as ideias dos seus apoiadores. Todos muito barulhentos, não necessariamente numerosos. Perfeito para um meio em que, à primeira vista, muitas coisas têm um alcance maior que o real.

Houve deslizes ano passado, claro. Costumeiramente Petraglia respondia tuítes mal-educados com ofensas chulas. E teve o caso clássico da lista de salários dos jogadores, o primeiro grande tiro no pé de MCP nas redes sociais. O que nitidamente foi lançado com o intuito de colar o rótulo de incompetentes na antiga gestão acabou se tornando oportunismo eleitoreiro fora de hora, no momento em que a briga para evitar o rebaixamento se aproximava do fim. Petraglia explicou, não convenceu e recuou pela primeira vez.

Já na presidência, o Twitter (principalmente) e o Facebook (em menor escala) se tornaram os principais meios de comunicação com os torcedores. Petraglia concede cada vez menos entrevistas e mesmo suas cartas no site oficial demoraram a reaparecer. Na teoria, um bem-vindo canal direto, oferecendo à torcida a chance de questionar diretamente o dirigente sobre a gestão do clube, saber em primeira mão o que acontecia do lado de dentro da Arena. Mesmo para a imprensa, um paliativo interessante na ausência dos contatos mais tradicionais. Afinal, as opiniões do presidente estariam ali, algumas informações também. O resto seria contextualização e esforço de reportagem.

Na prática, foi uma tragédia. Claramente faltou a Petraglia perceber que da mesma forma que, ano passado, várias vezes ele se colocou como um torcedor comum (mesmo que não fosse) cobrando a direção do clube, a partir deste ano ele estaria do outro lado do balcão. O caminho usado para turbinar sua campanha era o mesmo para cobrar definição sobre onde o time vai jogar a Série B ou por que os reforços não chegam.

Qualquer pessoa cuja atividade está sujeita ao escrutínio público deve ter um boa dose de equilíbrio e discernimento para usar as redes sociais. As ferramentas têm o lado fantástico de permitir o retorno imediato, vindo das fontes mais inesperadas, a tudo aquilo que você faça ou diga. Quando este retorno é um elogio, fácil te levar até as nuvens. Quando é uma crítica – e dificilmente elas vêm em termos polidos -, mais fácil ainda te jogar no chão ou provocar uma reação raivosa. Para quem sempre se acostumou a viver cercado por séquito sempre disposto a aplaudir, adular e balançar a cabeça, encontrar uma realidade tão crua choca.

Os últimos dias de atividade de Petraglia nas redes sociais mostram bem como ele não se adaptou à cobrança direta dos torcedores. Suas manifestações se resumiram a bater na gestão passada, requentar promessas e provocar o rival como aquele garoto que aproveita a ida ao banheiro no meio da aula para fazer fusquinha na janela da sala ao lado. Sem falar nas tuitadas do perfil oficial do Atlético com um estilo idêntico ao do dirigente. Uma verborragia que lhe fará réu em processos movidos pelo assistente Roberto Braatz e pela Associação de Árbitros.

A grande vantagem foi Petraglia mostrar-se por inteiro, sem filtros. Talvez o Mário Celso Petraglia mais real com o qual o torcedor atleticano tenha mantido contato. Um contato que, este é o temor, deve tornar-se cada vez mais raro, restrito a entrevistas sazonais e cartas cheias de verdades (ou “verdades”) no site oficial. Mesmo que no fim o uso das ferramentas tivesse se desvirtuado totalmente, é inevitável considerar o fechamento dos canais uma perda. Que Petraglia fale mais. Até que futuramente volte às redes sociais, desde que ciente das doses de selvageria inerentes a elas. Mas, principalmente, que faça o clube dar passos firmes e claros para se o tornar o gigante prometido durante toda a campanha. Como Petraglia sempre fez questão de ressaltar nas redes sociais.

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