Coluna publicada na Gazeta do Povo impressa desta terça-feira
Quando a CBF anunciou que concentraria os clássicos na última rodada do Brasileiro, houve comemoração geral e quase irrestrita. Seria a solução para as suspeitas de entregada, com mala branca ou não, que sempre pontuam as semanas finais da competição.
Desde o início a ideia não me empolgou. Primeiro por ser uma confissão de mau-caratismo do futebol brasileiro. Algo como a CBF dizer: “O nosso futebol é feito por canalhas incorrigíveis, gaveteiros sem escrúpulos, do gabinete do presidente à ponta do banco de reservas de cada clube”. Logicamente o futebol não é feito por beatos, mas acreditar que ninguém se salva é distorcer a realidade.
O outro motivo é de segurança pública. Clássicos são jogos naturalmente tensos. Na última rodada, então, atingem um potencial explosivo de confusão. Da mesma forma que não dá para duvidar do caráter de todo mundo que vive do futebol, é errado dizer que todo torcedor é um problema ambulante. Mas o contingente de marginais que usam o futebol como desculpa para praticar a violência é numeroso o suficiente para causar tumultos, ferir inocentes – ou até alguns não tão inocentes.
Ou seja, a CBF pegou um problema restrito, do futebol, que deveria ser resolvido dentro do futebol (a mala branca, a entregada) e o transformou em um problema de segurança pública, que pode atingir qualquer cidadão dos municípios em que teremos clássicos. A duas rodadas do fim do Brasileirão, já é possível, sem muito esforço, identificar o potencial de perigo de cada partida. Não há justificativa para que não seja armado um esquema de segurança eficiente para as partidas – mesmo isso exigindo, em vários casos, o deslocamento de oficiais que deveriam atender o cidadão comum. É o preço da incompetência da CBF em administrar o futebol brasileiro, do qual ela se considera dona.
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