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Há uma euforia justificada entre a torcida do Coritiba pela liderança do Brasileirão. Desde 2002, o último ano antes dos pontos corridos, o clube não ocupava essa posição. A chegada ao topo da tabela veio com vitórias sobre o atual campeão e o time mais badalado do país. E ainda houve o bônus do gol 400 de Alex.

Para quem projeta fechar o campeonato classificado à Libertadores, é um incentivo, mas algo muito longe de ser uma certeza de que o objetivo será cumprido. Há aspectos matemáticos, históricos e, especialmente, ligados ao desempenho do time que devem ser levados em consideração antes de soltar foguete.

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A matemática
O Coritiba é líder por pontos ganhos, mas não aproveitamento. Grêmio (sete pontos) e Fluminense (seis) têm um jogo a menos. Se vencerem as suas partidas, jogam o Coxa para terceiro — mesmo com triunfo sobre o Náutico. Mas terceiro é vaga na Libertadores. Então, essa é muito mais uma nota de rodapé do que um problema, certo?

A história
Apenas um líder após a quarta rodada fechou o Brasileirão por pontos corridos como campeão: o Cruzeiro, de Deivid e Alex, em 2003. Em termos de vaga na Libertadores, são quatro líderes de quarta rodada que “trocaram” o título pela passagem para a América: Santos-2006, Cruzeiro-2008, Internacional-2009 e Corinthians-2010. Resumindo: cinco líderes na quarta rodada fecharam o campeonato na zona da Libertadores. Um bom e animador rendimento.

Houve líderes nas rodadas iniciais que terminaram o ano rebaixado. O Paraná de 2007 é um exemplo. Nenhum líder da quarta rodada acabou rebaixado, ao contrário do que escrevi na Esportiva impressa de hoje.

Confiram ano a ano.

2003
Cruzeiro líder na quarta rodada e campeão.

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2004
Ponte Preta, líder na quarta rodada, terminou em décimo.
Santos, 20º na quarta rodada, foi o campeão.

2005
Fluminense, líder na quarta rodada, terminou em quinto.
Corinthians, 12º na quarta rodada, foi o campeão.

2006
Santos, líder na quarta rodada, terminou em quarto (vaga na Libertadores).
São Paulo, quarto na quarta rodada, foi o campeão.

2007
Botafogo, líder na quarta rodada, terminou em nono.
São Paulo, sexto na quarta rodada, foi o campeão.

2008
Cruzeiro, líder na quarta rodada, acabou em terceiro (vaga na Libertadores).
São Paulo, 18º na quarta rodada, foi o campeão.

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2009
Internacional, líder na quarta rodada, foi vice-campeão (vaga na Libertadores).
Flamengo, sexto na quarta rodada, foi o campeão.

2010
Corinthians, líder na quarta rodada, acabou em terceiro (vaga na Libertadores).
Fluminense, 12º na quarta rodada, foi o campeão.

2011
São Paulo, líder na quarta rodada, acabou em sexto.
Corinthians, vice-líder na quarta rodada, foi o campeão.

2012
Vasco, líder na quarta rodada, acabou em quinto.
Fluminense, décimo na quarta rodada, acabou campeão.

Adendos devidamente feitos, agora o que é preciso fazer dentro de campo. Basicamente, manter ou aprimorar o que já funcionou e corrigir o que tem falhado. Segue o serviço…

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Acreditar até o fim
As duas vitórias do Coritiba tiveram gols no final. Contra o Galo, nos acréscimos em meio a uma pressão forte do time. Contra o Flu, aos 42 minutos, em uma tentativa de fora da área após o Coxa ter sido inferior aos cariocas no segundo tempo. Nos dois casos, o natural seria se acomodar com o empate. O Coritiba não se acomodou e foi buscar a vitória. Quatro pontos que farão diferença na soma geral.

Explorar o máximo de Alex
Alex teve o seu pior período no Coritiba na sequência Nacional de Manaus-Galo-Bahia. Mas foi decisivo contra Goiás e Fluminense. Há poucos craques no Brasileiro e o Coritiba tem um deles. Vai ganhar muitos pontos na conta de Alex. Não deve se envergonhar disso, mas precisa criar condições para que ele brilhe. Taticamente, o time preserva Alex da marcação. Fisicamente, a parada da Copa das Confederações será fundamental para que ele suporte a longa sequência de jogos.

Não depender exclusivamente de Alex
Há uma linha tênue entre essa premissa e a anterior. O Coritiba tem de permitir a Alex jogar, mas não pode jogar apenas em função dele, sob risco de se afundar junto com uma má atuação do camisa 10. No Brasileiro o time já demonstrou a capacidade de se virar sem Alex. Contra o Galo, o capitão saiu, Lincoln entrou, o Coxa melhorou e ganhou o jogo.

Cuidado com a bola alta
O Coritiba levou três gols no Brasileiro: todos pelo alto. Contra o Galo, uma falta cobra por Tardelli em direção à área que Vanderlei falhou. Contra o Goiás, uma bola perdida pelos zagueiros que espirrou para Hugo. Contra o Flu, um cabeceio no primeiro pau. A volta de Emerson, em tese, encaminha a correção. Mas é preciso ver como ele voltará e se haverá um rápido entrosamento com Leandro Almeida.

Não desperdiçar pontos bobos
O Coxa teve duas grandiosas vitórias em confrontos diretos com Atlético-MG e Fluminense. Mas perdeu dois pontos para o Bahia no pior momento do Tricolor de Aço. Você pode argumentar que Internacional e Botafogo fizeram pior. Concordo, mas no fim do campeonato, Colorado e Fogão certamente vão lamentar o tropeço contra os baianos.

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Melhorar as opções para o ataque
Rafinha e Deivid são titulares incontestáveis, mas hoje o setor ofensivo é onde o Coritiba sofre mais com a diferença de nível na hora de substituir. Geraldo, Júlio César e Arthur não são reservas à altura. Bartola é jovem. Rafael Silva tem passado muito tempo machucado. O clube está se mexendo no mercado e precisa voltar da Copa das Confederações com melhores opções — Alan Kardec é uma boa opção; Neto Berola, não.