Coluna publicada na Gazeta do Povo impressa desta sexta-feira

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Vila Capanema recebeu o primeiro Atletiba de uma só torcida da história

O Atletiba de torcida única não teve nenhum problema registrado dentro do estádio ou no seu entorno. As brigas aconteceram na Praça Eufrásio Correia, na Rua Brasílio Itiberê, no terminal do Cabral, na Praça do Japão e em Pinhais. Pegue estas duas frases e exclua o termo “torcida única”. Elas servem para qualquer outro Atletiba, o que indica duas coisas.

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Barrar uma das torcidas não traz benefício prático em termos de segurança. Ou, para ser justo, a Vila Capanema não teve a “guerra de bombas” tão comum em jogos entre Coritiba e Atlético, um problema que pode ser solucionado com uma revista eficiente, independe de ter uma ou duas torcidas na arquibancada.

A outra conclusão é que mais uma vez as autoridades não se prepararam para o óbvio. Os pontos nevrálgicos em dia de Atletiba são os mesmos há anos e a polícia sempre está alguns minutos atrasada. Troca-se a prevenção pela repressão.

Quem defendia a torcida única vendeu a ilusão de que o problema se resolveria naturalmente, um erro primário apontado já no nascedouro da ideia por dezenas de torcedores e jornalistas. Curioso que Mário Celso Petraglia, maior entusiasta da ideia, chamou jocosamente de romântica a visão de quem defendia duas torcidas ou até mesmo o estádio dividido. Os fatos mostraram que a operação Atletiba costurada nos gabinetes dos clubes, da polícia, do ministério público e da FPF foi a mais descolada possível da realidade. E entre o jogo e as 19 horas de ontem, quando esta coluna foi finalizada, o twitter de Petraglia não deu nem mais um pio sobre o assunto.

Do lado coxa-branca, Vilson Ribeiro de Andrade teve, pela primeira vez, um embate com um dirigente local bem mais experiente do que ele. A diferença de quilometragem ficou evidente. De fora, sempre ficou a impressão de que Petraglia conduziu a dança. Enquanto MCP no máximo soltava suas trolladas na internet, Vilson tomava posições condicionadas. Ora à vontade do Conselho do Coritiba, ora à vontade dos proprietários de cadeira do Couto Pereira, ora à atitude de outro clube (neste ponto, com toda a razão), ora à espera de um aval do Ministério Público. Acabou saindo sem a garantia de que o Coxa mandará um clássico apenas para a sua torcida no returno.

Os clubes, porém, foram atores secundários. A Federação tem sua enorme parcela de culpa ao depreciar o principal jogo do campeonato com o seu agendamento para a Quarta-Feira de Cinzas. Criou as condições para que a polícia, o Ministério Público e a Secretaria de Segurança Pública apenas levassem para o futebol a crônica incapacidade em garantir a segurança dos curitibanos, como indicam os crescentes índices de violência na cidade e episódios de truculência desproporcional e explícita, como a contenção do tumulto no Garibaldis e Sacis.

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No fim, perderam o futebol paranaense, o povo curitibano e o estado inteiro. Parabéns aos envolvidos.