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Alex Alves, a mais valiosa “pizza tricolor”

O Paraná encontrou uma maneira de quitar os salários atrasados e se capitalizar para a próxima temporada. Venderá cotas dos direitos econômicos de quatro jogadores formados no clube — Alex Alves, Luisinho, Marquinhos e Luís Carlos – sem, necessariamente, se desfazer deles. O superintendente Celso Bittencourt explicou a operação hoje, em entrevista ao 98 na Rede, furaço do companheiro Lucas Rocha. Funciona mais ou menos assim:

1) Metade dos direitos econômicos de cada um desses jogadores foi dividida em 25 cotas, equivalentes a 2% cada (os direitos federativos devem, obrigatoriamente, pertencer a um clube);

2) Conta o fenômeno Leonardo Bonassoli na Gazeta do Povo desta quarta que cada fatia custa em torno de R$ 40 mil;

3) Essas cotas são vendidas a qualquer investidor, conselheiro, empresário ou torcedor que se interessar pelo negócio. A grosso modo, é como adquirir ações, sei lá, da Petrobras na Bolsa;

4) Quando o atleta tiver seus direitos federativos negociados, cada cotista recebe o equivalente ao percentual que adquiriu.

Na sexta-feira, escrevi que o Paraná, a curto prazo, teria de vender alguma das suas revelações para fazer caixa. Bittencourt, porém, explicou que, cientes do apuro financeiro do Tricolor, os clubes e empresários que estavam enviando propostas ao clube ofereciam pouco dinheiro, dentro da lógica de qualquer mercado: comprar barato de quem está enforcado. Como precisa do dinheiro, mas não quer abrir mão dos garotos a preço de banana (tirocínio que faltou a outras diretorias), o Paraná buscou esta solução intermediária, até que alguém venha com uma proposta que o clube considere justa para negociar os garotos.

À primeira vista, a solução é muito interessante. O clube faz dinheiro para quitar suas dívidas. Segundo Bittencourt, já se arrecadou o suficiente para pagar setembro e nos próximos dias haverá caixa para por o salário em dia — a folha do futebol paranista é de R$ 500 mil. Zerar os débitos é o primeiro passo para convencer quem veio este ano e se destacou a renovar para 2013. Conseguir isso sem perder nenhuma revelação vale ouro. Na teoria. Para ser assim também na prática, é indispensável o seguinte:

1) Que a soma das cotas de cada jogador resulte em um valor substancial, que compense abrir mão de metade do lucro com eles em uma venda futura. Não custa lembrar que Giuliano foi sendo vendido em fatias pequenos, por troco de pinga. Quando o meia deixou o clube, vali muito mais e o Paraná perdeu dinheiro. Tomando por base os R$ 40 mil médios por cota apurados pelo Bonassoli, chegamos a R$ 1 milhão por 50% de cada jogador. É um preço bom para um goleiro como Luís Carlos. É pouco para um atacante como Luisinho (ATUALIZAÇÃO DAS 11h12: O Irapitan Costa conta na Tribuna de hoje que a cota de Alex Alves bate nos R$ 60 mil, o que jogaria seus 50%para R#$ 1,5 milhão, o que também é pouco);

2) Em hipótese alguma dirigente pode adquirir essas cotas. Segundo Bittencourt, essa medida já existe, mas precisa ser ampliada de forma que o diretores do clube não consigam entrar no negócio por intermédio de laranjas. O Paraná já teve muita dor de cabeça com cartola dono de jogador;

3) O departamento de futebol precisa ficar blindado de qualquer influência e pressão dos cotistas. É natural que, com o passar do tempo, os cotistas queiram receber logo o retorno de seus investimentos. Isso só virá com a venda dos jogadores, que se torna mais fácil com eles em campo sempre. Dos quatro fatiados, apenas Alex Alves foi titular de ponta a ponta na Série B. Toninho Cecílio precisa ter tranquilidade para usar os quatro – e qualquer outro jogador – levando em conta apenas critérios esportivos.

Os erros se acumularam de tal forma na Vila nos últimos anos que qualquer avaliação deve ser feita tendo como referência essas barbeiragens. Se a diretoria demonstrar, na negociação das cotas, que aprendeu essas lições, o Paraná fica muito perto de, efetivamente, começar 2013 melhor do que começou 2012.

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