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Paulo Turra aposenta o serrote e prega bola no chão


Paulo Turra: nos treinos do Cianorte, é proibido tirar a bola do chão

Paulo Turra se encaixava no perfil que Vanderlei Luxemburgo certa vez definiu como “zagueiro-zagueiro”. Fosse nos campos enlameados do interior do Rio Grande do Sul, fosse nos tapetes impecáveis da Europa, não aliviava para os seus marcadores. Passava o serrote, como ele mesmo já definiu. Assim, não deixa de ser uma surpresa ver o Cianorte, time do hoje técnico Paulo Turra, ter o melhor ataque e o artilheiro do Campeonato Paranaense. Desempenho prometido quando o treinador foi contratado pelo Leão do Vale do Ivaí, no fim de novembro.

“O fato de eu ter sido zagueiro me permite ter uma ideia mais clara de como você consegue furar uma marcação mais forte”, justifica Paulo Turra, 38 anos, que tem no seu currículo duelos dentro de campo com Ronaldinho, Owen, Larsson e, o mais difícil de todos, Van Nistelrooy. “Na boa fase, ele era muito grande e rápido, difícil de pará-lo”, explica, em conversa por telefone com o blog.

E como furar essa marcação forte? “Posse de bola. Sempre falo para os meus jogadores que é fundamental manter a posse de bola, trocar passes, controlar o jogo e achar o momento certo para atacar”, diz. A posse de bola é trabalhada exaustivamente nos treinamentos. Neles, Turra proíbe seus jogadores de tirar a bola do chão. Se alguém arrisca um chutão, o técnico para o treino e manda repetir a jogada.

Até o momento, o estilo de jogo falhou apenas uma vez, no primeiro tempo da partida contra o Atlético, no Albino Turbay. Na avaliação de Paulo Turra, seu time deu campo para o Rubro-Negro jogar no contra-ataque e construir o placar de 2 a 0 no primeiro tempo. A correção de rumo no intervalo daquela partida, com a abertura de Paulinho pela ponta-direita, em um típico 4-3-3, permitiu ao Leão o empate (Paulinho fez o primeiro gol) e a manutenção da invencibilidade no Estadual. Uma alternativa ao 4-4-2 que ele prefere usar. No geral, a variação está na disposição do meio-campo: dois volantes e dois meias, como o Cianorte atual; losângo; uma linha de quatro no estilo inglês.

Paulinho foi um dos reforços pedidos por Paulo Turra para reforçar uma base que praticamente não parou de jogar em 2011. O Cianorte disputou o Paranaense, parou por dois meses, jogou a Série D, teve outro breve período de férias e iniciou a pré-temporada para o estadual em novembro, duas semanas antes da contratação do treinador, que chegou sozinho.

Acrescentou ao grupo e à comissão técnica já prontas o seu estilo, forjado pelo convívio com treinadores como Ademir dos Reis (técnico de Turra na base do Caxias), Tite, Felipão e Muricy Ramalho. Com os últimos três Turra já fez estágio e mantém contato para trocar ideias (com Muricy, as conversas são quinzenais). De fora, diz gostar muito do trabalho de José Mourinho, do qual é consumidor voraz: assiste aos jogos e entrevistas, lê reportagens a respeito do português. “Mas tenho o meu perfil. Sou o Paulo Turra. Não o Felipinho ou o Mourinhozinho”, disse, em uma entrevista no fim de 2010.

É este perfil que o Cianorte leva a campo hoje à noite, para mais um jogo decisivo, contra o Coritiba. Paulo Turra evita a atrelar o resultado da partida a uma mudança nas metas da equipe. Ainda é cedo para ele repetir como técnico a façanha como jogador, quando, em 2000, liderava a zaga do Caxias de Tite, campeão gaúcho contra o Grêmio, no Olímpico. “Vim aqui para ser campeão do interior e conseguir vaga na Série D e Copa do Brasil. Estes são os objetivos”, enfatiza.

Por isso, faz questão de colocar o Coritiba como favorito ao jogo e ao título (ao lado do Atlético), mesmo sabendo que vencer o jogo desta noite significará tirar um concorrente direto da briga pelo primeiro turno. Para vencer, aposta na fórmula que livrou a equipe da derrota para o Atlético: bola no chão, troca de passes e ataque na hora certa, exatamente como nos treinamentos. Passar o serrote ficou no passado do jogador Paulo Turra.

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