Não há polêmica no gol de Zé Carlos, do Criciúma, contra o Atlético. O lance foi ilegal e ponto final. A bola estava de posse do goleiro Vinícius e a maneira que o atacante do Tigre lhe tomou a bola é definida nitidamente na regra como falta. Qualquer interpretação diferente disso é eufemismo desnecessário e escapista. Para não deixar dúvida, vamos à regra (os negritos são meus) e vejam o vídeo:

CARREGANDO :)

O goleiro estará de posse da bola:
• enquanto a bola estiver em suas mãos ou entre sua mão e qualquer superfície (por exemplo:
• solo, seu próprio corpo)
• enquanto segurar a bola em sua mão aberta estendida
enquanto bater a bola no solo ou lançá-la ao ar
Quando o goleiro controlar a bola com suas mãos, nenhum adversário poderá disputá-la com ele.

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Erraram primariamente o árbitro José Caldas de Souza, que demonstrou um desconhecimento inaceitável da regra, e o Marrubson Melo Freitas (aspirante à Fifa!), que anulou a jogada, mas covardemente baixou a bandeira e correu para o centro do gramado. Geladeira e escolinha nos dois.

O erro, lógico, atrapalhou o Atlético. Na matemática simples, sem o gol o Furacão venceria por 2 a 0 e dispensaria o jogo de volta. Na prática nem sempre é assim, pois não dá para prever o desenrolar do jogo se ele continuasse 1 a 0 naquele momento. Enfim, nunca saberemos.

De qualquer maneira, o fundamental é que o Atlético entrou com uma proposta bem definida de jogo e a executou com exatidão. Propôs-se a jogar nos contra-ataques e ganhou exatamente dessa maneira. Sinaliza um caminho a seguir na Série B, onde o Tigre também estará (leiam o post pré-jogo do Cristian Toledo), e mostra que futebol não é uma fórmula fechada. É possível um time fazer boa campanha jogando com a mesma formação-base a temporada inteira e é possível na mesma medida fazer boa campanha variando o esquema e trocando jogadores de acordo com a necessidade. Carrasco adota o segundo método, pouco usual no futebol brasileiro, sempre apegado a tradições que, muitas vezes, já perderam o sentido.

A vitória em Criciúma dá fôlego para essa visão mais contemporânea adotada pelo Carrasco. Uma situação que ficaria mais nítida se o lance irregular de Zé Carlos não fosse absurdamente transformado em gol e o Atlético voltasse de Santa Catarina classificado.