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O Ecoestádio Janguito Malucelli é o estádio perfeito para se disputar um clássico. Não apenas o Atlético x Paraná de domingo. Todos os clássicos do Estadual poderiam ser lá, de frente para o Parque Barigui. O Janguitão, com sua capacidade anabolizada por arquibancadas de rodeio, é do tamanho da mentalidade de quem comanda o nosso futebol. A medição semestral aconteceu ontem, na sede da Federação Paranaense.

Os detalhes do não acordo estão na matéria assinada pelo Pedro Américo. As consequências imediatas: dar mais um disparo na roleta-russa de segurança que é fazer um clássico no Janguito; não teremos acordo entre a dupla Atletiba para o Atlético jogar no Couto até os maias anunciarem o próximo fim do mundo; há um terreno propício para o Atlético mandar seus jogos (inclusive os Atletibas) na Vila Capanema, o que, sejamos justos, é uma boa ideia – tomara que não a inviabilizem.

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A reação ao não acordo é sempre curiosa. Todas as partes juram que fizeram tudo certo e que o acordo não saiu por culpa única e exclusiva dos outros. Mais curioso ainda é que os torcedores em geral aceitam essa explicação sem pestanejar, mesmo aqueles que são extremamente críticos em todas as atitudes dos dirigentes. Se os dirigentes erram ao contratar, vender, não contratar, não vender, assinar, não assinar, por que seriam perfeitos justamente no trato com outros clubes? Um mistério.

Há, também, sempre a remissão ao passado. Lembranças empoeiradas de exemplos de arrogância, intransigência, truculência e outras atitudes menos nobres – dos outros, claro. O problema está exatamente aí.

Enquanto o futebol paranaense olhar para trás, estamos fritos. O que é o passado do futebol paranaense nacionalmente? Uma alternância de fiascos com momentos insignificantes, pontuados por raras campanhas realmente dignas de nota.

Morar fora de Curitiba me deu a dimensão exata de como o futebol paranaense é visto no eixo. Na 98 e na coluna da Esportiva impressa usei o termo lixo. Aqui vou dizer que somos tratados como nada. Times insignificantes de um futebol insignificante, que só conseguiu ganhar títulos relevantes quando do outro lado estavam Bangu e São Caetano. Times que sucumbem contra os grandes porque são menores e depois ficaram chorando da arbitragem. Um futebol perfeito para fazer chacota e inexpressivo para se fazer um investimento pesado. Bahia, Pernambuco e mesmo Santa Catarina, com desempenhos inferiores, são mais respeitados. Gostam disso? Eu não gosto.

Esse cenário só será alterado quando os nossos times começarem a se impor pelos resultados. Estágio que se atinge apenas com organização e dinheiro. Coritiba e Atlético cumprem o primeiro requisito e o Paraná começa a tomar o mesmo rumo. Dinheiro, porém, está em falta, ainda mais no cenário de desigualdade crescente imposto pelas cotas de televisão.

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Coritiba, Atlético e Paraná só terão alguma chance de eliminar esse abismo com ações e projetos conjuntos. Por isso o acordo do estádio seria tão importante, para funcionar como um armistício necessário antes de bolar qualquer estratégia conjunta. O acordo dos clássicos e o armistício foram para o espaço. Sozinhos, os nossos clubes são fracos e cada vez mais sujeitos a serem pisoteados pelos grandes do futebol brasileiro.

Quem gosta tanto de evocar o passado pode ficar tranquilo. O futuro desenhado é igualzinho ao tão estimado passado. Enquanto isso, vamos ao Janguito!