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Neverton levantou a torcida com seus dribles e gols. Borges desarmou e saiu para o jogo com simplicidade e eficiência de veterano. Ricardo Conceição apareceu no ataque como se fosse um volante do Barcelona (metáfora, meus amigos, metáfora). Tudo isso, porém, só aconteceu graças a Lúcio Flávio. O posicionamento do camisa 10 foi a grande novidade do Paraná, no 4 a 0 sobre o Nacional de Rolândia. Seu posicionamento era… não ter posicionamento fixo.

Lúcio Flávio pôde rodar por todas as faixas do campo para armar o jogo. O momento mais emblemático ocorreu no primeiro tempo, quando ele foi buscar a bola na defesa, com Anderson. Várias outras vezes vinha buscar a bola com Borges ou nos laterais. Recuos que abriam espaço para as subidas ao ataque de Ricardo Conceição. Quando ia ao ataque, Lúcio servia Luisinho, Neverton e Paulo Renê, os três atacantes de movimentação do Tricolor. Neverton e Luisinho, principalmente, criaram inúmeras chances de gol em jogadas que nasceram nos pés de Lúcio Flávio.

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Ok, mas qual a revolução nesse deslocamento quase peladeiro do camisa 10? Lúcio Flávio é a principal referência do Paraná. Assim, qualquer time que venha jogar na Vila Capanema destaca um marcador individual. Se foi assim na Série B, imagine no Paranaense. Ao fugir do posicionamento óbvio — centralizado, perto dos atacantes, esperando a bola chegar –, Lúcio Flávio obriga o adversário a: 1) abrir buracos na sua defesa com o deslocamento do marcador; 2) desistir da marcação individual e, assim, dar mais espaço para Lúcio Flávio jogar.

Bem-sucedida nesse primeiro momento, a liberdade dada a Lúcio Flávio terá de passar por alguns testes. O primeiro, é funcionar por várias partidas seguidas, contra adversários mais qualificados. O segundo é dar certo também no time idealizado por Toninho Cecílio. Lembre-se: o Paraná que fez 4 a 0 no Nacional não é o Paraná montado e treinado durante a prê-temporada. Existem peças diferentes de características diferentes. Recapítulando…

Rubinho vinha sendo titular até se machucar e abrir uma estadia de três semanas no departamento médico. Canhoto, ele joga muito mais como um meia-atacante do que como um ponta. Ou seja, meio-campo mais povoado, Luisinho caindo pela direita e campo aberto para Henrique avançar. O time perde agressividade pelo lado do campo, mas Lúcio Flávio ganha um ótimo secretário na armação.

Uma alternativa é formar um triângulo com Borges (centralizado, mais atrás), Ricardo Conceição (pela direita) e Rubinho (pela esquerda, um pouco mais avançado que Conceição). E Lúcio Flávio com liberdade para se deslocar pelo campo.

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Mais adiante, Reinaldo é o titular onde jogou Paulo Renê. A mudança é para melhor, especialmente porque Paulo Renê não se sentiu à vontade como referência. Em bom português, jogou mal. Reinaldo era, no início de carreira, um atacante de movimentação. Hoje, trintão, atua mais centralizado com naturalidade. Sua experiência é fundamental para servir os companheiros que chegam de trás e abrir espaços na defesa adversária. Uma opção mais radical é JJ Morales, este sim um 9 clássico.