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O mantra do título ainda é, inacreditavelmente, necessário. Bastou o anúncio de que o Coritiba enfrentará o Toledo, esta noite, no 3-5-2, para pipocarem críticas à escolha de Marquinhos Santos. “Se põe três zagueiros contra o Toledo, imagine quando jogar o Campeonato Brasileiro” foi uma frase bastante dita e escrita por quem passou a saideira do carnaval antenado no futebol.

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O 3-5-2, por definição, não é um esquema defensivo. O objetivo principal é liberar os alas da obrigação de marcar; eles viram quase pontas. Somando a isso dois meias ofensivos e dois avantes, são seis jogadores com a função prioritária de atacar. Comparando, o 4-4-2 clássico tem dois zagueiros e pelo menos um lateral sempre ficando, além de dois volantes. É meio time marcando.

A satanização do 3-5-2 no Brasil é culpa do Lazaroni. Caiu nas oitavas de final da Copa de 90 com a seleção no 3-5-2 e jogando mal. Lazaroni cometeu um pecado básico de quem usa o esquema sem muita habilidade para tanto: fixou dois volantes de pegada no meio, Alemão e Dunga, sem ter um armador fora de série – Valdo era bom, não mais que isso. Uma pena, pois os zagueiros, os laterais e os atacantes eram talhados para o 3-5-2.

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Outro pecado comum é deixar os alas recuados. Vira um 5-3-2. E tem quem faça as duas coisas: escale volantes de pegada e segure os alas. São sete jogadores marcando, mais trancado que o catenaccio.

Nos dois casos, o 3-5-2 virou defensivo por mal uso do esquema. Acontece até no 4-3-3. Contra o Emelec, na Libertadores, o Velez começou no 4-4-2, trocou um meia (Insúa) por um atacante (Copete) e não conseguiu atacar. Por quê? Os laterais não avançavam, a armação estava a cargo de três volantes – e olha que um deles era Fernando Gago – distantes do ataque. Os avantes ficaram isolados.

Ok, mas e o Coxa?

Sim, vamos ao Coritiba, motivo desse post. Há dois pontos que, de saída, justificam a opção do Marquinhos Santos:

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1) O melhor momento do time no Estadual, o segundo tempo contra o Arapongas, foi jogando nesse sistema. Defesa segura, ataque funcionando, alas chegando bem;

2) Mais pela falta de alternativa do que por outra coisa, Pereira e Chico vão jogar. Tê-los em uma linha de quatro (Pereira por dentro e Chico na lateral ou os dois por dentro) é um perigo mesmo diante de um adversário fraco como o Toledo.

No campinho acima, o provável desenho do Coxa no 3-5-2. Gil pela direita e Patric pela esquerda, exatamente como no fim do jogo de sábado. Willian à frente da zaga, Robinho como um segundo homem que marca e ataca, espetando por um lado de campo – Rafinha vai pelo outro. Alex livre para armar o jogo. Deivid lá na frente.

Mas…

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… Não creio que a ideia seja um 3-5-2 puro e simples. A versatilidade de Robinho permite ao Coritiba ter um segundo volante sem a bola e um ponta com ela. Rafinha já deu várias demonstrações de que, quando precisa, volta até a área para marcar. Embora seja pouco provável que hoje ele precise recuar tanto.

Parece-me um pouco mais factível o Coritiba atuar no 3-4-3, como no campinho acima. A grande diferença está no posicionamento ofensivo do Robinho. Defensivamente, a volta dele e do Rafinha permite a Alex e Deivid respirar à espera da retomada da bola.

E também pode ser…

… Um 3-3-1-3. E é nesse formato que eu aposto. À frente da linha de três zagueiros, Willian, Gil e Patric, com liberdade para os alas subirem. Lá na frente, Robinho e Rafinha se alternando pelos lados do campo, com Deivid centralizado.

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Alex fica entra a segunda e a terceira linha, com liberdade de movimentação e criação. Recebe a bola das linhas de trás, distribui para o pessoal mais à frente e os alas.

Sem a bola, a mesma dinâmica das variações anteriores. Rafinha e Robinho voltam, Alex e Deivid ficam livres. Perde um pouco de velocidade no contra-ataque, mas vale a pena por dar mais fôlego aos jogadores mais decisivos do time.

São várias opções, todas com um viés muito mais ofensivo. Veremos qual será usada e como funcionará na prática, esta noite, no Couto Pereira. Estarei lá pela 98 FM, com o Edílson de Souza, o Gustavo Marques e o Mário Neto. Conto com vocês para acompanhar – e comentar – essa nova estratégia do Coritiba. Mas antes de tudo, repita comigo: o 3-5-2 não é defensivo, o 3-5-2 não é defensivo, o 3-5-2 não é defensivo…