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Coluna publicada na Esportiva impressa desta sexta-feira

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Logo no início da manhã, pingou na caixa de e-mails uma mensagem da Pluri Consultoria. Um estudo sobre o valor de mercado dos 16 clubes participantes do Campeonato do Nordeste, que começa neste fim de semana.

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O Nordestão é o grande fato deste início de ano no futebol brasileiro. Depois de algumas edições clandestinas — a de 2010 “concorreu” com a Copa do Mundo –, o torneio volta à luz com o aval dos donos da bola no país: CBF, federação e televisão. Nível técnico elevado, mais dinheiro circulando, boas contratações, torcedores animados, menos partidas e uma coexistência interessante com os estaduais.

Do Nordestão os times pulam direto para a fase decisiva dos estaduais, já em andamento. Caso cheguem à final das duas competições, Bahia e Vitória terão disputado 18 partidas antes de chegar ao Brasileiro — fora a Copa do Brasil. Coritiba, Atlético e Paraná sairão do Paranaense com 22 ou 24 partidas na bagagem. A conta física vem lá na frente.

Joguei o tema no twitter, para sentir dos torcedores a receptividade de um torneio similar envolvendo os clubes paranaenses. O clamor pela volta da Copa Sul ou da Sul-Minas só não foi unânime porque um tuiteiro foi mais radical, pedindo um Brasileirão que varra o ano do início ao fim.

Sou há um bom tempo favorável ao retorno das ligas regionais. A justificativa de que os pequenos precisam dos estaduais para sobreviver caducou. A maioria das equipes do interior morreu. São no máximo zumbis, barrigas de aluguel para empresário formar e vender jogador. Não sobrevivem por si só, no cenário atual, porque o futebol encareceu. O matam junto os times grandes, obrigados a jogar torneios deficitários e de nível técnico baixo.

Ao juntar as maiores forças de três ou quatro estados, o nível técnico sobe e o bolo de dinheiro aumenta. Atlético, Coritiba, Paraná e o time do interior que entrar na disputa estarão muito mais aptos a enfrentar as competições nacionais se a temporada começar com Grêmio, Inter, Cruzeiro e Galo do outro lado do campo. Vale o mesmo para os demais estados, ainda mais em uma realidade com paulistas e cariocas cada vez mais ricos. Financeiramente, os clubes e os canais de televisão têm melhores condições de faturar tendo um produto infinitamente superior em mãos.

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Com inteligência e cooperação entre clubes e federações, é possível deixar o calendário mais racional. Uma agenda com menos partidas, que estique a pré-temporada e ainda acomode uma fase final de estadual com a entrada da turma do regional.

Muita gente que é a favor dos regionais defende que por aqui se faça uma Copa Sul, pela proximidade, perfil e rivalidade. Discordo. Se for para rasgar as fronteiras geográficas, que se faça logo uma Sul-Minas. Melhor futebol em campo, mais dinheiro no bolso.

O Nordestão mostra que a mudança é possível. O cenário atual do futebol deixa claro seguir esse caminho é questão de sobrevivência. Resta saber se os principais interessados estão dispostos a construir o futuro dessa maneira.