O Atlético abriu toda a ficha corrida de Guerrón na nota oficial em que anunciou sua negociação. Esqueceu apenas de informar que lucrou com o jogador equatoriano.
La Dinamita chegou à Baixada em 2010, trazido do Getafe. O Rubro-Negro desembolsou € 1 milhão por 40% do jogador, pagos em duas vezes: € 600 mil na chegada dele e outros € 400 mil no fim de 2010. Como contrapeso veio Federico Nieto, imposição do empresário argentino Marcelo Simonian, que cuida da carreira dos dois atacantes.
Agora, Guerrón vai embora rendendo para o Atlético € 1,6 milhão, valor a ser pago pelo Beijing Guan, da China. Ou seja, La Dinamita deixa nos cofres rubro-negros 60% a mais do que custou. Ou talvez um pouco mais. Afinal, quando conseguir negociar Nieto o Rubro-Negro obterá algum lucro com um jogador que veio de graça.
E ainda tem a variação cambial. Para ilustrar, peguei a cotação do euro no primeiro dia útil de julho de 2010 (mês que Guerrón chegou – R$ 2,24), no primeiro dia útil de dezembro de 2010 (mês do pagamento da segunda parcela – também R$ 2,24) e no primeiro dia útil de julho de 2012 (mês da negociação, considerando que o pagamento seja à vista – R$ 2,49). O lucro bate na casa de R$ 1,7 milhão, ou 77%.
Ok, financeiramente tudo muito bonito, mas e esportivamente? Nieto é ruim de bola, mas ainda assim fez gols que ajudaram o Atlético a manter viva a esperança de evitar o rebaixamento. Diante da má qualidade do ataque atual, poderia ter chance. Mas não, não é solução.
Com Guerrón é diferente. Uma montanha-russa é o melhor símbolo da passagem dele pelo clube. Guerrón foi vice-artilheiro do time ano passado e ainda é em 2012. Também colecionou partidas ridículas, fora os problemas disciplinares listados no sábado. Mas uma coisa é inegável: o Atlético não tem um atacante melhor que Guerrón. Umas borrifadas de Dinamita ajudariam a deixar o time mais perfumado, como pede o técnico Jorginho.
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Na minha cabeça, aliás, Guerrón tinha custado mais e cheguei até a escrever isso. Por prudência, liguei para o ex-presidente Marcos Malucelli e perguntei o valor. Ele mencionou os € 800 mil, o percentual e a aquisição compulsória de Nieto. Tuitei a informação.
À tarde, o próprio Malucelli me telefonou para corrigir o valor. Disse que estava fora pela manhã e que foi checar o valor quando voltou ao escritório. Corrigi na coluna e achei mais apropriado falar o valor aqui, com a devida explicação de porque ele “mudou” e, claro, com o necessário pedido de desculpas pela informação errada.