Tcheco: gol de pênalti no aniversário.
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Marcelo Oliveira não teve dúvida entre usufruir de Tcheco enquanto ele não se aposenta ou começar a montar um Coritiba sem ele. Reproduziu a estrutura tática do time de 2011 e inseriu o capitão de 36 anos na equipe. Willian foi Leandro Donizete, Lincoln foi Davi, Roberto foi Marcos Aurélio, Rafinha foi Rafinha mesmo e Tcheco ocupou o vazio deixado pela saída de Léo Gago. E assim o Coxa bateu o ASA por 3 a 0 e avançou às oitavas de final da Copa do Brasil.

A formação funcionou. Principalmente a partir do momento em que o Coritiba reduziu os erros de passe (o ASA vinha ganhando espaço graças a isso) e que Roberto e Rafinha passaram a se movimentar mais. O pênalti sai em uma jogada em que Roberto vem atacar pelo lado direito (a falta foi fora da área e o juiz errou ao dar pênalti, exatamente da mesma maneira que há duas semanas Roberto foi derrubado, contra o Londrina, dentro da área, e o árbitro marcou falta). O segundo gol tem uma arrancada de Rafinha pelo meio, Roberto mais uma vez caindo pela direita e Anderson Aquino finalizando pelo meio.

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É um Coritiba que funciona e que pode ser facilmente adaptado ao substituto de Tcheco. Pode ser Gil, que ontem entrou na lateral direita para Jonas jogar de primeiro volante. Pode ser algum garoto da base (Djair? Thiago Primão?). Mais provável que seja um reforço (Cáceres ou alguma outra opção). Pode ser Júnior Urso? Foi no segundo tempo, em uma situação de necessidade de reforçar a marcação no meio-campo. O passe fica mais pobre, mas Gil (ou mesmo Jonas) e Eltinho são melhor opção de saída pelas laterais do que Jackson e Lucas Mendes. Lincoln também pode recuar um pouco mais para buscar a bola.

Após tanta turbulência, o Coritiba sai classificado e com dois esboços claros de time. A equipe que vinha cambaleando começa a se por ereta. Marcelo Oliveira gritar para a torcida que tem estrela e sair com cara de alívio e fazendo sinal da cruz, como flagrado pelas câmeras, indicam que esse é o sentimento dentro do clube. O próximo passo é conseguir uma sequência consistente de boas atuações e bons resultados, algo que o Coritiba ainda não conseguiu em 2012.

Dallas Cup


A conquista da Dallas Cup só será plena se dois destes garotos emplacarem no time profissional.

Esperei um pouco para falar da Dallas Cup. A festa do clube e da torcida pelo título é justificável. Vilson desceu à sala de imprensa no domingo exclusivamente para comemorar, houve recepção e festa para os garotos, torcedores celebraram. Tudo perfeito. Mas quem está do lado de cá do balcão precisa analisar a conquista com mais cuidado.

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Títulos na base devem ser encarados sempre como o início de algo, não como o fim. Um sub ser campeão é um grito pedindo atenção, pedindo que o profissional olhe para baixo e veja que dali pode sair alguma solução. Possibilidade. O entrosamento ajuda demais um time a ganhar títulos na base, algo que não existirá quando um, dois garotos subirem. Ainda há a diferença física e de experiência para os jogadores mais velhos e maneira como o menino vai reagir à pressão e à badalação do futebol profissional.

Nesse ponto, faz sentido o trabalho de promoção gradual defendido pelo clube, de introduzir os meninos aos poucos no time de cima. Não dá é para tratar isso como uma fórmula fechada. Houve brechas no Coritiba esse ano que garotos da base poderiam ter sido pelo menos testados – a função de segundo volante é o caso mais evidente. A comissão técnica e o departamento de futebol preferiram manter a promoção escalonada. Isso evitou que algum menino se queimasse e tivesse de voltar para a base, sempre um problema. Mas também privou o Coritiba de se surpreender com alguma revelação mais pronta do que o próprio clube pudesse imaginar.

De volta à Dallas Cup, o peso desse título só poderá ser efetivamente aferido daqui dois ou três anos, quando o Coritiba olhar para o seu elenco profissional e vir alguns desses meninos frmados ali. E a conta não é das mais exigentes. Se dois dos campeões no Texas derem certo no Coxa, a conquista sobre o Manchester terá sido completa.

Sobre a Dallas Cup também, recomendo texto do blog do Napoleão de Almeida.