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ATUALIZAÇÃO DAS 10H53 DESTA QUINTA-FEIRA (6/9): Marcelo Oliveira não é mais o técnico do Coritiba, segundo informou o clube em seu site oficial, às 10h44. Mantive o texto. A ideia central é a mesma.


A entrevista de Vilson Ribeiro de Andrade, no vestiário do Canindé, deixou claro que o risco de demissão de Marcelo Oliveira é real e elevado. Em todos os outros (poucos) momentos de cobrança forte sobre o treinador nestes 21 meses de trabalho, o presidente alviverde defendeu o comandante. Tornou-se célebre a frase de que Marcelo Oliveira seria o técnico do Coritiba enquanto Vilson fosse o presidente. Hoje, essa blindagem parece ter se quebrado definitivamente.

Vilson sempre foi o principal avalista da permanência de Marcelo Oliveira. Há algum tempo o técnico não tem o mesmo crédito com boa parte da diretoria, tampouco com o superintendente de futebol Felipe Ximenes. O presidente parece tomar o mesmo caminho, embora tenha deixado claro que nenhuma decisão será tomada de cabeça quente. Uma reunião nesta quinta-feira discutirá a situação do clube.

Alguns fatores recentes contribuíram para o desgaste de Marcelo Oliveira dentro do clube:

– O treinador não se entusiasmou muito com o retorno de Leonardo. Depois, quando o atacante acertou com o Atlético Mineiro, Marcelo reclamou da sua saída e intensificou o pedido por um reforço para o setor;

– Ainda sobre o atacante, o nome de Deivid foi apontado como o único satisfatório para a função. E o clube abriu os cofres mais que o usual para trazer o atacante;

– O discurso do treinador após as derrotas (excesso de jogos, baque pela perda da Copa do Brasil), mesmo que recorrente, cansou. A repetição passa a impressão de conformismo;

– O mantra “é preciso criar um fato novo”, comum em períodos pré-troca de treinador, tornou-se discurso recorrente no Alto da Glória;

– A diretoria entende que fez tudo que o treinador pediu em termos de elenco (Vilson disse isso na coletiva) e, diante disso, considera que a resposta tem de ser imediata e no mesmo nível.

Diante disso, é certo que Marcelo Oliveira será demitido? Não necessariamente. Vilson vem de uma cultura empresarial bem diferente do futebol, uma realidade em que só se troca um gerente em caso extremo. É essa cultura, por sinal, que explica Marcelo Oliveira não ter perdido o emprego já no Canindé. O mais natural, no caso de saída, parece ser em comum acordo.

Na conversa, Vilson, Marcelo e Ximenes podem detectar outros problemas no Coritiba e encontrar soluções para atacá-los sem que isso exija a mudança no comando. As opções disponíveis também vão pesar em qualquer decisão. Não adianta mandar Marcelo Oliveira embora e trazer outro pior ou não ter quem por no banco de reservas sábado, contra o Flamengo. Da mesma forma que é pouco provável o Coritiba buscar algum bombeiro que evite o rebaixamento, mas não tenha a menor noção de como planejar o trabalho para 2013.

Qualquer eventual substituto tem de ser bom o bastante de curto prazo para evitar a degola e bom o bastante de médio/ longo prazo para montar a equipe de 2013. Isso restringe as opções de mercado.

Disponível com esse perfil, apenas Caio Júnior. Disponível entre aspas. Caio realmente saiu do Bahia por motivos pessoais. Foi acompanhar um filho que está nos Estados Unidos estudando. Se pegar um time agora, dá brecha para dizerem que ele fugiu do pau no Bahia. É uma questão a ser enfrentada.

Gilson Kleina também tem esse perfil. Está empregado, o que dificultaria a abordagem. Mas o salário (R$ 100 mil contra R$ 150 mil de Marcelo Oliveira) é acessível e ele já está há tempo suficiente na Ponte Preta (um ano e nove meses) para pensar em outro trabalho.

Fora eles, não vejo outro nome que encaixe no projeto atual do Coritiba. Se fosse início de temporada, Marquinhos Santos seria um nome muito forte, por exemplo.

Ok, escrevi que a chance de Marcelo Oliveira é enorme, até mencionei possíveis substitutos. Mas Marcelo Oliveira é o principal culpado? Não.

Já escrevi diversas vezes. Tanto ano passado como nesse, Marcelo Oliveira tirou mais do elenco do que ele poderia oferecer. O time do ano passado era bom, mas Marcelo foi fundamental para o desempenho histórico. Moldou a estrutura deixada por Ney Franco a uma em que acomodou os melhores jogadores. Passeou no Paranaense, foi finalista na Copa do Brasil e ficou a uma vitória na Libertadores, fora o recorde de vitórias.

Neste ano, com um elenco bem pior, Marcelo Oliveira teve os mesmos resultados no primeiro semestre: campeão paranaense e vice da Copa do Brasil. O time brilhou menos, venceu menos e está na porta da zona de rebaixamento. Talvez para não apontar a causa real (o time enfraqueceu), o que causaria mal-estar com jogadores e diretoria, se escora em um discurso repetitivo, de cansaço, baque da Copa do Brasil, contusões e tudo que é dito a cada entrevista coletiva. Fora as apostas erradas, com a insistência em volantes que só marcam e não criam.

Se o discurso já é cansativo para torcida e imprensa, por que não seria também para os jogadores? É nítida a impressão de que Marcelo Oliveira perdeu a capacidade de extrair o máximo do elenco ou de conseguir que a equipe tenha um rendimento linear durante os 90 minutos. Seu prazo de validade venceu. Quando isso acontece – mesmo que a responsabilidade do enfraquecimento do elenco seja muito mais da diretoria – não há outro caminho além de mudar o comando.

Marcelo Oliveira é um dos maiores técnicos da história do Coritiba. Merece ser lembrado como o treinador que levou o Coxa a feitos inéditos para o clube e para o futebol paranaense. E merecia (ou ainda merece) encerrar sua passagem com um tranquilo cumprimento integral do segundo ano de contrato. Mas hoje, sua saída parece ser a única maneira de evitar que essa história termine de forma melancólica.

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Demissão confirmada, a pergunta é: Quem você gostaria de ver treinando o Coritiba?

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