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Coluna publicada na Esportiva impressa desta terça-feira

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Qualquer avaliação das recentes restrições impostas pelo Atlético ao trabalho da imprensa deve passar por um dos acordos mais festejados pelo clube nos últimos tempos. O contrato firmado com a AEG inclui entre os produtos referentes ao Furacão que a empresa norte-americana tem direito de comercializar “a venda de estoque de mídia controlado pelo Cliente (incluindo, mas não limitado a, vendas ao Site, WB TV, WEB e Rádio WEB e Rádio Tradicional)”.

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Os conteúdos de mídia do clube tornam-se mais vendáveis à medida que atingem um público maior. Há dois caminhos para atingir esta audiência: 1) Fazer um trabalho de excelência, que se sobreponha a qualquer outro conteúdo disponível no mercado; 2) Impor restrições à concorrência. O Atlético optou pelo segundo caminho, mais curto e traumático.

Criou-se uma situação em que toda e qualquer declaração tem, necessariamente, o carimbo da comunicação oficial do clube. Daqui a pouco o clube vai ao mercado dizer que o site é usado como fonte pelos veículos de comunicação. O que é óbvio, considerando que trata-se da única fonte.

Alguns pontos, porém, não fecham. O primeiro é o clube se colocar como concorrente de veículos de comunicação. Foge da razão de existência de um time de futebol e, com elevadas doses de esquizofrenia, vai contra tudo o que é feito no mundo da bola. Manchester United e Barcelona, por exemplo, têm departamentos de comunicação enormes e conteúdos que dão lucro às equipes, mas não se colocam como concorrentes de jornais, sites, tevês e rádios.

O segundo é que um veículo oficial — seja de qual clube for — nunca vai buscar todas as respostas que o torcedor deseja. No domingo, Héracles novamente foi mal diante da torcida, ele claramente sente a pressão da galera; Harrison teve outro jogo em que começou muito bem e foi se escondendo com o passar do tempo; Arthur Bernardes teve a dificuldade da maioria dos técnicos acadêmicos, de demorar a reagir às mudanças do jogo. Os veículos oficiais não colocarão ninguém em saia-justa para buscar essas respostas. E estou só me atendo a exemplos da partida com o Rio Branco.

O Atlético, claro, dificilmente se importará com estes poréns. O interesse é se relacionar somente com os veículos capazes de se tornar “parceiro comercial”. O clube já fez chegar a quem é de direito que na Copa do Brasil, as emissoras que transmitirão o torneio — Globo, Band, ESPN, Sportv e Fox Sports — terão acesso aos jogadores antes, depois e no intervalo das partidas. O mesmo valerá para o Brasileirão e, se for o caso, a Sul-Americana. Os demais que busquem o site oficial.

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É uma relação similar à estabelecida com o torcedor. É bem-vindo apenas aquele que se associa. O que tem apenas amor e frequência eventual no estádio a dar é rejeitado. Pouco importa se na hora de negociar um patrocínio, dizer que 400 mil curitibanos torcem para o Atlético ajuda a obter um contrato melhor. Pouco importa se a imprensa que não paga para cobrir o clube também entra na conta da exposição do clube — e de seus parceiros — na mídia.