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Um Atletiba que já nasce lendário

Coluna publicada na Gazeta do Povo impressa deste domingo


Deivid e Rafinha: os destaques de Atlético e Coritiba

Toda geração teve o seu grande Atletiba. O Atle­­tiba da Gripe. O Atletiba dos 8 Minutos. O Atletiba do Paulo Vecchio. O Atletiba do 4 a 3. Os três Atletibas da final de 78. O Atletiba do Joel. O Atletiba do 1.º de maio. O Atletiba do Berg. O Atletiba da Páscoa. O Atletiba da Série B. O Atletiba da Seletiva. O Atletiba da Correntinha. O Atletiba de 2004. O Atletiba de 2005. O Atletiba do 4 a 2. E, agora, o Atletiba do Século. Uma licença poética, pois esse é o grande Atletiba deste século e do passado. É o maior Atletiba da história.

Quando a bola começar a ro­­lar na Arena, tenha certeza de que algo grandioso estará acontecendo diante dos seus olhos. Guar­­de cada detalhe. Da cor do cabelo da criança que entrou com cada capitão à mistura de tensão, esperança, excitação e suor presente no ar. Absoluta­­mente tudo servirá para contar a história deste clássico. Em 20, 30 anos, torcedores vão se reunir em mesas de bar para contar as lendas nascidas a partir do jogo de hoje. E, pode acreditar, algumas delas até terão seu fundo de verdade.

Na teoria, o Coritiba é favorito. A condição em que cada um chega ao jogo – o mandante, precisando de um quase milagre para não cair; o visitante, dependendo apenas de si para classificar-se à Libertadores – é o espelho do que os dois clubes são hoje. A diferença entre ir para a Liberta­­dores e não cair é exatamente proporcional ao que cada lado construiu ao longo da temporada. É pouco provável que um Co­­xa com Rafinha, Marcos Aurélio, Léo Gago e Leo­­nardo funcionando a pleno vapor seja parado por um time que tem muito mais histórias ruins do que boas para contar de 2011.

Mas a teoria, claro, pode simplesmente não virar prática. O Atlético já venceu times que estavam melhor do que ele. Foi assim contra o Flamengo, no Rio, e o Internacional, na Arena. Nos dois casos, o Furacão elevou suas qualidades ao máximo e não perdeu as chances que teve de decidir o jogo. O Coritiba também teve seus momentos de refugar contra equipes mais fracas, como o Bahia no Couto Pereira ou Ceará e Avaí como visitante. Portanto, só haverá zebra dentro da Are­­na se um lado impuser ao ou­­tro uma goleada humilhante.

A zebra que todos esperamos – e para qual todos torcemos – é de um clássico sem ne­­nhum registro de violência pela cidade. O retrospecto, reforçado pelo peso da partida, despertou uma reação coletiva, com pedidos em uníssono da im­­prensa por paz, apoiados pelos bons torcedores. A polícia entendeu que está diante de um jogo de risco e destacou um contingente inédito para ga­­ran­­tir a segurança dos curitibanos, estejam eles envolvidos com o Atletiba ou não. E, não sejamos ingênuos, a última coisa que o novo comandante da PM quer é abrir sua gestão com um Atletiba problemático. Que ele tenha sucesso. Que o Atletiba do Século seja também um Atletiba sem violência. De verdade, não apenas nas lendas contadas em mesas de bar.

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