Pereira (centro) é abraçado pelos companheiros, após marcar o gol que abriu o placar para o Coritiba
CARREGANDO :)

A vitória do Coritiba sobre o Corinthians Paranaense traz quase nada de novidade. Com Tcheco a bola fluiu bem do meio-campo para o ataque. Sem Tcheco o time travou; Pereira e Emerson levaram perigo (e fizeram gol) na jogada aérea. O camisa 9 (hoje foi Marcel) não passou confiança. Os meias foram irregulares. O adversário reclamou de pênaltis não marcados a seu favor (o da mão foi; no outro, Pereira matou o lance na bola, o choque foi consequência). Enfim, juntos ou separados, todos estes fatores estiveram presentes em mais de uma exibição do Coxa no Estadual.

A novidade é o que vem pela frente. O Coritiba terá, pela primeira vez no ano, uma semana de intervalo entre uma partida e outra. Desde a estreia na temporada, dia 22 de janeiro, em Toledo, foram 13 partidas consecutivas, quarta e domingo. Um desgaste que deve ser levado em consideração na análise do time, embora não possa servir de explicação para tudo. Também não está se dizendo aqui que essa semana vai desatar todos os nós deste início da temporada, mas ter uma semana para trabalhar com os jogadores e olhar para o time sem ter de entrar em campo no dia seguinte deve ser aproveitado.

Publicidade

Listo, então, alguns pontos que eu considero que mereçam reflexão – e vocês ficam à vontade para acrescentar outros nos comentários.

Como não depender de Tcheco?
É a principal questão envolvendo o Coritiba. Em regra, o time só funciona direito com Tcheco em campo. É preciso criar alternativas. Primeiro porque Tcheco não tem condição física de suportar vários jogos com pouco tempo de descanso. Segundo porque o contrato dele vai até o meio do ano, não é certo (embora seja provável) que o Coxa conte com ele até dezembro.

Das opções testadas, já se sabe que com Willian e Júnior Urso não funciona. O passe sai quebrado e a saída fica concentrada em Jackson, o que facilita a marcação. Gil é uma alternativa. O Gil do jogo do Operário ao jogo do Toledo, frise-se, não o do ano passado nem o de hoje.

Há uma expectativa muito grande quanto ao Djair ser esse jogador. Considero uma expectativa exagerada. Até aqui, Djair só jogou mesmo na base, que praticamente ninguém acompanha com frequência para tirar uma análise confiável (eu não acompanho, admito). O buzz em torno dele é muito mais fruto do desejo de ver mais gente da base no time principal do que confiança no seu futebol. Ainda assim, o garoto merece uma chance. Só não dá para considerá-lo o salvador da pátria.

Como não deixar Rafinha jogando sozinho?
O Coritiba atua desde o ano passado com três armadores. Funcionou bem várias vezes, invariavelmente quando os três armadores conseguiam trocar constantemente de posições. Hoje, só Rafinha é regular. Lincoln e Renan Oliveira, os titulares mais habituais, têm muitos altos e baixos. Everton Ribeiro ainda não fez um jogo inteiro bom.

Publicidade

Lincoln tem, de certa forma, o mesmo problema de Tcheco. Precisa de um tempo maior de recuperação entre um jogo e outro – e precisava de uma pré-temporada decente. Ainda será útil, mas é bom ter opções a ele. Renan Oliveira tem um histórico preocupante de declínio. Pode ser diferente no Coritiba? Pode. Mas ele já não é mais o mesmo bom jogador das três primeiras partidas.

Com Everton Costa e Anderson Aquino recuperados, Marcelo Oliveira terá mais opções. Há Emerson Santos, Gil, eventualmente alguém da base (Rafael Santos, por exemplo). Mas esta é uma posição em que o Coritiba deve estar atento ao mercado para, eventualmente, buscar mais alguém.

Um 9 para confiar
A torcida está sentindo saudade de Bill. Isso deve servir de alerta para Marcel e Caio Vinícius. Marcel ficou o segundo semestre de 2011 parado, é possível que, com mais ritmo, confirme a expectativa de ser mais útil do que Bill. Caio Vinícius ainda é jovem, então também precisa de tempo para efetivamente dar resultado.

Roberto é outra opção, embora sua característica seja diferente. Ele é um jogador de velocidade, que eventualmente pode quebrar um galho pelo meio – ele mesmo admitiu essa possibilidade, na entrevista à 98 FM, no dia da partida contra o Operário. Não será novidade para o Coritiba jogar sem um homem de referência. Era assim com Leonardo ou Anderson Aquino em campo. E Roberto é uma sombra real para Marcel, algo que Caio Vinícius não consegue ser.

Marcelo Oliveira é o técnico certo?
Já se falou muitas vezes sobre Marcelo Oliveira e seu trabalho no Coritiba. Mesmo com todos os senões, continuo achando que o saldo dele é positivo. O time que brilhou no primeiro semestre do ano passado era o dele, não o do Ney Franco. Marcelo ajudou Lucas Mendes a se tornar um bom lateral, criou condições para Tcheco ser útil. Errou na final da Copa do Brasil? Sim, errou feio. Mas ainda me parece o nome mais indicado para montar esse novo Coritiba de 2012 desde que tenha nas mãos as peças adequadas para isso.

Publicidade