Eli Vieira publicou nesta Gazeta uma informação alarmante: os conhecimentos científicos da psicologia foram usados pelos governos nesta pandemia para fomentar o medo, que aumenta a obediência. Não que os nossos concursados da psicologia estejam produzindo conhecimento – nada disso. A descoberta se deu na Inglaterra, país onde a pesquisa em psicologia está muito mais avançada do que no Brasil.
Que tenha sido na Inglaterra, tanto faz. Nesta pandemia, vimos as mesmas lorotas sendo contadas pelos governantes uniformemente, e as mesmas medidas sendo uniformemente adotadas, a despeito das mesmíssimas perguntas que eram levantadas mundo afora por cidadãos que usavam o seu bom-senso: “Qual o sentido de reduzir a frota se os ônibus ficarão mais cheios? Qual o sentido de abrir shopping e fechar parque? Antes de adotar uma medida tão drástica quanto os lockdowns, não é bom estarmos muito seguros de sua eficácia?” As autoridades faziam ouvidos moucos. Mundo afora, pululavam punhados de subcelebridades científicas cuja função era garantir que os mandatários estavam corretíssimos, sim. Mais ousados, alguns chegaram a apontar a superioridade da China em relação às democracias no que concerne à gestão da pandemia. O “autoritarismo necessário” impõe cárcere privado e não as deixa sair de casa para comprar comida. O Ocidente via as imagens clandestinas das pessoas desvairadas gritando, presas em seus apartamentos em Wuhan, e não imaginava que em breve aquilo seria modelo para seus países.
Descartes dizia que o bom senso, isto é, a razão, é a coisa do mundo melhor partilhada. Mostraram-se bem partilhados também o insultos a quem ousasse duvidar. Éramos todos uns negacionistas.
Genocídio?
O termo “negacionista” se tornou corrente na política durante o pós II Guerra. Era usado para se referir aos que negavam a existência do Holocausto. De fato, corria a versão de que genocídio não ocorrera e os Aliados teriam, com o terrível bombardeio de Dresden, matado mais do que os nazistas. Todas as provas físicas seriam armação soviética.
Fundamentalmente, portanto, o termo “negacionismo” foi posto na arena política para se referir a um genocídio. As pessoas que o puseram em uso outra vez sabem disso, pois a tese que nos querem empurrar goela abaixo é a de que a “covid denialism” (na gringa) ou o “negacionismo científico” (por estas plagas) é o responsável direto pela morte de milhões de pessoas pelo mundo. Ou seja: se você não aderir ao medo universal e externar essa sua não adesão meramente subjetiva (pois é possível fazer perguntas enquanto se fica em casa e se vai de bom grado receber as injeções da Pfizer), você é o Hitler do século XXI. O genocídio não só foi socializado, como pode ser cometido com crime de pensamento. Virou uma espécie de pecado, algo de foro íntimo. A diferença é que não há mais Deus para julgar, mas sim tuiteiros, burocratas e jornalistas. Que passam por “todo o mundo”, neste mundo percebido por algoritmos manipuláveis.
Não falta quem especule que um verdadeiro genocídio esteja em curso. Se levarmos em conta que substâncias de tecnologia muito pouco conhecida foram desenvolvidas em menos de um ano e inoculadas em grandes contingentes populacionais, e que as autoridades não só não revelam interesse algum em investigar os efeitos colaterais dessas substâncias, como constrangem os cidadãos a serem inoculados, é legítimo especular que haja um genocídio em andamento. A União Europeia tinha 447 milhões de habitantes em 2020. Se as vacinas experimentais matarem apenas 1,3% dos que foram inoculados, a Europa terá matado 6 milhões de pessoas outra vez. E com muito maior discrição do que os nazistas, já que os mortos são justamente aqueles que não são discriminados.
Seja como for, já se constatou que a população na Europa decresceu em números absolutos durante o ano de 2020. Em 2021 havia 321 mil habitantes a menos. A causa provável apontada pelo gabinete de estatísticas europeu é o “impacto da pandemia de Covid”.
Suicídio
Essa expressão – impacto da pandemia – é vaga o suficiente para qualquer um entender o que quiser. Um neo-hipocondríaco a interpretará como sinônimo de vírus SARS-COV-2. Os “impactos da pandemia” foram tão grandes que a população europeia encolheu. Dados e mais dados de governos corruptos mostrarão milhões de mortes de ou com covid, que corroborarão a sua impressão.
Mas, porém, contudo, todavia, um dado que não aparece é a de suicídios de 2020. Todo ano a OMS soltava um relatório com a quantidade de suicídios do ano anterior. O último relatório da OMS é relativo 2019. Em 2021 não saiu o relatório de 2020, e tampouco dispomos de dados de 2021.
Suicídio é um assunto tabu por causa do efeito Werther, que tem esse nome por causa de um romance epistolar de Goethe que foi uma coqueluche entre a juventude europeia no século XIX. O jovem Werther, apaixonado e não correspondido, se suicida. Os jovens passaram a usar as mesmas roupas de Werther e a se matar também. Dado esse fato curioso de o suicídio ser socialmente contagioso, há mil protocolos para os jornais lidarem com o fato. Um é evitar noticiar, para não pipocarem Werthers por aí. Fazer o quê? O ser humano é um bicho muito esquisito mesmo.
No entanto, essa peculiaridade do suicídio pode estar sendo usada para abafar uma quantidade de suicídios sem precedente. Os confinamentos forçados de gente saudável tampouco têm precedente. Ninguém seria um Sherlock Holmes se dissesse que ambas as coisas estão associadas.
Se somarmos isso à informação de que os governos agiram deliberadamente para causar medo na população, podemos dizer que uma experimentação social autoritária causou uma grande quantidade de mortes muito sofridas. Não é razoável privar as pessoas de suas vidas sociais e de seu trabalho ao mesmo tempo, e esperar que sua saúde mental permaneça a mesma. Trancar as pessoas em casa por meses a fio é pedir que se deprimam. Ao se deprimirem, não é de admirar que uma parcela se mate. (Vale lembrar que o lockdown europeu foi muito mais duro do que o brasileiro.)
Que terá matado mais em 2020: o vírus ou a depressão? É um absurdo que não haja dados de suicídio disponíveis. É essencial tê-los à mão para discutir o trabalho dos nossos governos.