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Bruna Frascolla

Bruna Frascolla

Sete de Setembro

Nada de raça, aborto e eutanásia: moral tradicional brasileira é oposta à Ku Klux Klan

Mobilização em apoio a Bolsonaro, durante as comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, em São Paulo
Mobilização em apoio a Bolsonaro, durante as comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, em São Paulo (Foto: EFE/ Sebastiao Moreira)

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Por incrível que pareça, os eventos do Sete de Setembro me lembraram um prosaico causo de universidade federal. Era uma vez um concurso para docentes em que um candidato forasteiro era o único com doutorado. Os nativos então resolveram o imbróglio judicialmente, alegando que o candidato não podia concorrer por estar em condição vantajosa, desequilibrando assim a competição. O causo é absurdo, porque, para qualquer observador desinteressado, é óbvio que, num concurso, a competição não é um fim em si mesma. Homens são mais forte do que mulheres. No esporte, como a competição é um fim em si mesma, separamos homens de mulheres e criamos várias categorias para ver quem é capaz de carregar mais peso no halterofilismo. Mas se quiséssemos criar uma competição com halteres para decidir quem deve preencher uma vaga de estivador, não haveria necessidade de presença feminina, nem de subdivisões em categorias. Porque essa competição seria instrumental. No caso da federal, o concurso serve para contratar o melhor professor, não para acadêmicos mostrarem sua performance em provas.

Pois bem. No Sete de Setembro, a choradeira na imprensa opositora era que Bolsonaro violava a legislação eleitoral por transformar a comemoração em comício. Ora bolas, parece até que Ciro Gomes, Simone Tebet, Soraya Thronicke e Lula teriam condições de transformar a comemoração em comício caso quisessem. Que eles disseram: “Não é hoje que vou lotar o vasto Eixo Monumental com meus apoiadores, pois isso seria desvirtuar uma comemoração cívica com política partidária!”

Elementar, meus caros jornalistas, meu caro TSE: os demais candidatos jamais “desvirtuariam” o Sete de Setembro porque não têm apoio para tal. Uma eleição não é um fim em si mesma, e a função dos candidatos não é provar que são capazes de imprimir santinhos em conformidade com a legislação eleitoral. As eleições servem para que o povo eleja os seus representantes, e o “problema” de Bolsonaro é se revelar, desde já, representante de gente demais.

O povo é malvado

Hoje em dia, o discurso enlatado que o letrado médio regurgita para se sentir chique consiste em temer a “ameaça populista” e salvaguardar “as instituições”. Há pouco, estava muito claro que todo poder emana do povo – a nossa Constituição, que é recente, de 1988, ainda começa com esse pressuposto. De um tempo para cá, porém, surgiu essa conversa de que as “instituições” – isto é, o aparato jurídico-midiático alheio ao voto – são o que interessa numa democracia, e que as elites progressistas (às quais aspira o letrado médio) devem salvaguardá-las. Todo poder emana do STF e da bancada do Roda Viva.

Assim, não é de admirar que o povo brasileiro agora esteja sendo chamado de fascista, de nazista, de cuscuz crã (sic) e o que mais ocorrer. Modéstia à parte, antecipei aqui que a estratégia usada pelas elites progressistas para legitimar o seu poder consiste em tratar o povo – qualquer povo – do mesmo jeito que os Aliados trataram o povo alemão após a vitória: como um bando de racistas, genocidas e fascistas. As diatribes contrárias ao “homem branco” começaram justamente nos países de maioria branca, em que esse rótulo descreve o homem comum, o operário desempregado, o frequentador de igrejas. A União Europeia não é uma instituição democrática, e impõe aos Estados nacionais leis contrárias às suas populações. Por lá é normal xingar os cidadãos de racistas e obrigá-los a aceitar quaisquer estrangeiros em suas terras – criminosos violentos inclusos.

Essa conduta hostil ao povo passou da Alemanha à Europa em geral, depois cruzou o Atlântico e chegou aos EUA, a pátria do progressismo. Agora, sua burocracia politizada e sua imprensa tratam quaisquer apoiadores de Trump como supremacistas brancos e terroristas.

No Brasil, a questão racial é um empecilho sério a essa narrativa. Tanto que só Lula, bom adepto da ideia de replicar no Brasil a queda dos padrões de vida da Europa, caiu na asneira de tentar chamar os manifestantes de supremacistas da Ku Klux Klan. Mas a narrativa era adaptada com a difamação do evangélico – que seria fanático, obscurantista e, numa palavra, incompatível com a democracia.

No Bicentenário, a narrativa finalmente evoluiu e esse pessoal passou a chamar o povo brasileiro de nazista, fascista etc.

Povos problemáticos existem

Na Alemanha de 45, eram verdeiros os juízos morais relativos ao povo alemão. Se você é um democrata e não gosta de um povo, que fazer com ele? Sair do país pacificamente ou sair do país e mover uma guerra contra ele. O que não dá é para ficar posando de democrático e querendo mandar nele ao mesmo tempo. Que é bem o que os EUA fazem nas ocupações de territórios inimigos, aliás. Vide a finada “democracia” afegã, com quotas de gênero para cadeiras do parlamento.

De todo modo, a questão do terreno cultural alemão é controvertida. Sowell acha que os alemães são ótimos e o nazismo é uma exceção histórica. Voegelin acha que a Alemanha padece de um mal de origem em sua nação, que é a falta de universalismo cristão. Kolnai aponta para a contraposição ao Ocidente e a Roma, que faz da cultura alemã propensa a abraçar um barbarismo particularista e selvagem. Eu, de minha parte, me limito a apontar que Rondon, muito antes de Hitler subir ao poder, tinha como adversário Von Ihering, alemão residente em São Paulo. Rondon queria integrar os índios do oeste paulista que estavam causando confusão; Von Ihering queria aniquilá-los para que a raça superior se expandisse e ocupasse o território. Em sua modesta presença na África, a Alemanha quase leva à extinção as tribos do território que ocupara. Nenhuma outra potência europeia se empenhara em desertificar uma porção da África. É claro que há, ou ao menos havia, algo de muito errado com a cultura alemã.

Outro povo com cuja vontade há, ou havia, algo de errado é o venezuelano, que amava o seu líder Hugo Chávez, que destruiu a economia do país e reduziu o povo à fome. Dadas as nossas proximidades geográficas e cultural, é mais factível comparar o povo brasileiro a ele do que ao alemão. Mas seria mais útil, nesse caso, manter o alemão em vista: porque o chavismo foi cunhado por um neonazista argentino chamado Norberto Ceresole e, após a sua morte, o posto de ideólogo do chavismo foi transferido para Heinz Dieterich, um alemão que mora no México. O chavismo é, literalmente, nacional-socialista.

Ainda assim, os venezuelanos não organizaram genocídios, e, ainda que Chávez tenha perseguido os judeus da elite venezuelana, não tenho ciência de que o povo tenha aderido, em massa, a pogroms ou caguetagens baseadas em raça. Quanto aos refugiados, não há notícias de que tenham causado algum problema de natureza ideológica.

O Brasil é o melhor país do mundo

O fascismo nos países ibéricos costuma se apegar à religião em vez da raça. Na Venezuela o chavismo conseguiu se apropriar da imagem de Jesus, que aparece segurando fuzis em murais das favelas venezuelanas. No Brasil, a teologia da libertação tentou pôr fuzis nas mãos de Jesus. O resultado foi a decadência da Igreja e a invenção de um novo cristianismo no Brasil. Isso depõe a favor do nosso povo e contra o povo venezuelano.

Do mesmo jeito, depõe em favor do nosso povo o fato de que não têm adesão popular as tentativas de rotular indivíduos segundo a raça, nem a prática do aborto eugênico, nem – anotem que ainda virá – a “eutanásia” como solução para doenças não-terminais. Estas três coisas que nosso povo recusa são impostas pela elite progressista, e eram adotadas com muito ânimo pelos nazistas.

Ainda por cima, nosso povo foi capaz de manter a maior floresta tropical do mundo ao mesmo tempo em que, embora seja combatido por ambientalistas misantrópicos de índole genocida, tem tudo para “matar a fome no mundo", nas palavras de Alysson Paolinelli.

Nenhum país é isento de crimes em sua história. Assim, cabe comparar o Brasil a países reais. Nosso país foi fundado com a chegada de europeus católicos, que acreditavam na unidade da natureza humana, e nem pensaram em exterminar os canibais do neolítico que viviam aqui. Ao contrário, misturaram-se com eles, e a primeira interação registrada em terra é uma festa.

Nosso país se fez com a mais improvável das miscigenações. Nosso povo se recusou a acreditar em raças quando a elites inventaram o racismo. Nosso país se recusa a parar de fazer comida nesta época em que as elites são misantrópicas.

Nosso país é o melhor país do mundo, e nosso povo tem valores que nos orgulham. Já os progressistas que o xingam só enchem este país de vergonha.

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