Enquanto as pessoas mais sábias e elevadas do planeta se reuniam numa vila da Suíça para decidir os rumos do planeta, eu estava num ônibus intermunicipal, às vezes zanzando pelo Twitter. Li que um rapazinho, filho de uma jornalista do Acre, teve um ataque cardíaco e morreu. Quem não é analfabeto nem bovino a esta altura já sabe que a vacina da Pfizer tem um efeito colateral muito perigoso ao qual os jovens do sexo masculino são mais suscetíveis. Mas não importa: a Anvisa já deu a autorização definitiva para o uso da substância, então escolas públicas e privadas se sentem à vontade para exigir a aplicação da mesma nos alunos. Inclusive ameaçando chamar o conselho tutelar para tirar a guarda da criança. Em Londrina, uma escola particular fez isso, botou Ministério Público no meio, a garota de onze anos tomou a vacina e morreu quatro dias depois.
Pois bem: chego eu à rodoviária e ouço, no desembarque, um choro. O som vinha das cadeiras onde se viam um par de canelas bem espichados. Primeiro pensei em convulsão ou epilepsia, que talvez fizessem a pessoa se espichar numa cadeira. A mulher segurava a cabeça do (agora eu via) rapazinho adolescente, e isso foi outra coisa que me fez pensar que talvez ele chacoalhasse. Exceto pelo fato de que estava inerte, e a mulher não gritava nem pedia ajuda. Só chorava. Suponho que o menino tenha tido um infarto fulminante e a mãe ou avó o abraçasse pela cabeça temendo que o corpo escorregasse cadeira abaixo. Naquela hora, chorava sem pedir ajuda. Ia fazer o quê, se o pior tinha acontecido? Quanto às canelonas esticadas que me chamaram a atenção, devem ter chamado a de muita gente antes de mim, quando as pessoas costumavam morrer de causas naturais mais cedo e fora dos hospitais. Daí a expressão “esticar as canelas”. Seja como for, eu não chegaria a uma explicação plausível para essa cena da rodoviária se eu não soubesse que o infarto fulminante, sobretudo em mocinhos, é uma consequência previsível de uma substância que está sendo aplicada em massa.
Enquanto isso, em Davos…
No Fórum Mundial de Economia (WEF), em Davos, as pessoas não caem mortas. Assisti online à conversa entre Klaus Schwab e Albert Bourla, o CEO da Pfizer. Você pode fazer o mesmo clicando aqui. Nele, em pleno maio de 2022, aprendemos que todos devemos tomar a vacina de Covid, sim, e todos os anos. Pois o vírus vai sofrer mutações, e a Pfizer tem tecnologia bastante para acompanhar essas mutações e criar uma dose anual da vacina. Klaus Schwab e Albert Bourla se lastimavam de ser vítimas de radicais antivacina, uma gente que não acredita na Ciência e espalha desinformação pelas redes sociais. Eles poderiam ter dito “uma legião de imbecis”, como Umberto Eco, Eduardo Wolf e Alexandre de Moraes (listo seguindo uma ordem cronológica), mas são educados demais para isso.
Segundo Bourla, todos devemos tomar a vacina por um ato de amor. Gente como a paranaense de 11 anos, o acreano de 16 anos e Bruno Graf decerto têm poucas chances de ficar mal com a Covid, mas a finalidade da vacina é impedir o contágio e, assim, “proteger a quem você ama”. Em maio de 2022, sabemos que a vacina não impede o contágio. Sabemos que tem efeitos colaterais letais. Mas nada impede que Schwab e Bourla conversem assim, como se fatos sabidos não fossem sabidos. Eles dizem a mesma coisa que a imprensa e governantes têm dito: que as vacinas de Covid são seguras e eficazes, e que tomá-las é um ato de amor.
Se Bourla acredita nisso, é de esperar que tomasse a vacina o mais rápido possível, para proteger aqueles que ama. A memória puxa a notícia de que o CEO da Pfizer tinha desistido de ir a Israel por causa do passaporte vacinal. Pesquisei e logo me deparei com uma manchete de agência de checagem de fatos: “O CEO da Pfizer está completamente vacinado; cancelou a viagem a Israel em março”. Não é verdade que Bourla não quis se vacinar, diz a agência. A verdade é que essa alma abnegada não quis furar a fila; por isso, lá em março (a checagem era de agosto de 2021), Bourla não estava vacinado e por isso cancelou a viagem a Israel. Reproduzia-se o tuíte em que ele mostrava uma foto tomando a vacina e se dizia feliz por ter finalmente tido a oportunidade de tomá-la. Que homem humilde, que anjo!
É claro que nenhuma agência de checagem de fatos se empenha em descobrir se a seringa que deu a injeção em Bourla ou em demais chefões globais. É claro que as agências de checagem de fatos não vão se empenhar em descobrir quem financia as agências de checagem de fatos – que mais parecem relações públicas do que jornalismo. É claro que as agências de checagem de fatos não vão nunca argumentar que Bourla é veterinário, Schwab é economista e Bill Gates nem tem curso superior, de modo que não podem opinar em matéria de epidemiologia. Por outro lado, nem um Nobel em virologia autoriza alguém a emitir uma opinião diferente da de Bourla, Schwab e Gates, já que o Estadão Verifica crê ter autoridade para rotular como enganoso Luc Montaigner. A Ciência é o que as pesquisas financiadas pelo triunvirato e seus aliados dizem ser. E a verdade factual é o que o jornalismo de financiamento globalista diz ser.
Quem elegeu esses caras?
Duas coisas chamam a atenção na conversa entre Klaus Schwab e Albert Bourla. A primeira é como esses não-virologistas são a autoridade “científica” máxima com um discurso muito simples que é repetido como verdade absoluta pelo mainstream. A outra coisa é como eles traçam planos mundiais sem o maior pudor. Alfred Bourla diz que quer atingir dezenas de países pobres, totalizando uma população na casa dos bilhões, vendendo “a preço de custo” todos os medicamentos da Pfizer liberados no mundo rico. Têm uma meta quantitativa até 2023; querem reduzir à metade o número de pessoas que não têm condição de pagar pelos medicamentos. “Então é uma empresa norteada por propósitos,” comenta Klaus Schwab, “e se o senhor diz ‘a preço de custo’, sem margem, ou na certa você deve acrescentar uma certa margem para pesquisa e desenvolvimento…”. Ao que Bourla comenta: “Não. Definimos esse custo estritamente como o necessário para manufaturar e incluímos um frete mínimo. Excluímos todo o dinheiro da pesquisa”. Então ficamos assim: esses dois iluminados eleitos por ninguém, que conversam francamente sobre esclarecer os governos, querem porque querem entregar todos os seus medicamentos para o mundo inteiro “a preço de custo” porque são bons, e censuram críticas aos produtos porque são muito bons. Há algo errado aí. Eu só acredito que esses medicamentos são a preço de custo se eles tiverem a capacidade de causar dependência e assim recuperar o lucro com a demanda criada. Porque eu não acredito no altruísmo deles, e não tem fact-checker que me faça crer.
Eles falam também da Gavi, a fundação de Bill Gates onipresente na África. A entidade vacinadora de Bill Gates foi criada em 2000, após surgir uma grande aversão a vacinas na África, com o rumor de que causavam esterilidade em mulheres. A origem dessa história está no propósito real da ONU, alinhado com o infame UNFPA (o fundo neomaltusiano de controle populacional), que bolou uma "vacina" contra a gravidez na década de 90. Seria a vacina anti-hCG. Segundo uma série de rumores, esta estaria misturada com as vacinas antitetânicas ministradas pela ONU em países pobres (ao menos no Quênia isso se confirmou). Com Bill Gates assumindo a vacinação em países pobres, ele se tornou o alvo predileto dos conspiracionistas.
Não deixa de ser curiosa essa transferência para uma pessoa dos riscos de entidades multilaterais.
“Recalibrar direitos humanos”
Nesse circo de horrores que é o WEF, apareceu uma criatura dizendo que alguns direitos humanos, como a liberdade de expressão, têm que ser recalibrados. Ela não disse novidade nenhuma, pois já estamos vendo jornalistas serem censurados por expor verdades inconvenientes relativas à Pfizer. E todo mundo que usa rede social sabe que as mesmas forças que defendem a Infalibilidade Vacinal defendem o identitarismo no Ocidente e, no Brasil em particular, a Infalibilidade do TSE – o que torna a coisa uma questão de Estado.
As pautas do WEF se confundem com a Agenda 2030 da ONU. Esta é considerada prioritária por outro órgão que ninguém elegeu: o STF, que também deixa todo mundo impor passaporte vacinal a despeito das mortes não-investigadas e dos efeitos colaterais letais previstos em bulas.
O STF mais uma vez nos brindou legislando. Diz que agora injúria racial se equipara a racismo e, portanto, dá cadeia. Mas todos nós sabemos que selecionar alguém com base na cor da pele – o que deferia configurar crime de racismo – não é mais considerado racismo. Como injúria é algo que se faz com a boca, essa lei serve para jogar pessoas na cadeia em função de qualquer interpretação maluca, como aquela segundo a qual falar “denegrir” é racismo. A Globo já está pronta para assinar embaixo disso tudo e lavar a tirania com um simulacro de opinião pública.