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Bruna Frascolla

Bruna Frascolla

O Facebook, as crianças e o Mal

O Facebook não se importa com as crianças, apenas em parecer progressista
O Facebook não se importa com as crianças, apenas em parecer progressista (Foto: BigStock)

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Com a pane global e demorada do império digital de Mark Zuckerberg, constituído por Facebook, Instagram e WhatsApp, veio à tona a entrevista com uma whistleblower que trabalhou no Facebook. Vocês devem ter lido aqui na Gazeta que, segundo Frances Haugen, “a Big Tech sabia dos danos que seus aplicativos causam à democracia e à saúde mental de adolescentes em todo o mundo, mas não tomou as medidas necessárias para resolver o problema porque ‘prefere o lucro à segurança’ dos usuários.”

Deixemos de lado a lenga-lenga do ódio e da desinformação, porque esse é um assunto tão ambíguo quanto chato. O ódio é um sentimento inerente aos homens; o ódio imputado por semideuses progressistas à ralé é sempre o ódio de gente da corrente política contrária. Defender a morte do presidente é tranquilo; piada politicamente incorreta é discurso de ódio.

Quanto à desinformação, quase ninguém desmente o despautério alardeado por toda a imprensa comum, segundo o qual o Brasil é o país que mais mata gays no mundo.

Segredos de polichinelo

A parte que me interessa da revelação da whistleblower é: “Documentos vazados pela informante mostram ainda que um estudo interno do Facebook apontou que 13,5% das adolescentes entrevistadas disseram que o Instagram intensifica pensamentos suicidas, e 17% relataram que o aplicativo faz piorar transtornos alimentares. ‘E o que é extremamente trágico é que a própria pesquisa do Facebook diz que, à medida que essas jovens começam a consumir esse conteúdo sobre transtorno alimentar, elas ficam cada vez mais deprimidas. E isso realmente as faz usar mais o aplicativo. E assim, elas acabam neste ciclo de feedback, onde odeiam seus corpos cada vez mais’, criticou Haugen.”

Eis aí um baita de um segredo de polichinelo. Se algum estudioso de saúde mental dissesse que adolescentes, sobretudo do sexo feminino, passam incólumes pelas redes sociais, aí sim é que seria uma revelação surpreendente. Não obstante, foi mais ou menos o que aconteceu no Senado dos Estados Unidos , quando a chefe global de segurança do Facebook alegou que “menores de 13 anos não têm permissão para abrir contas nos aplicativos do Facebook e apontou que apenas 0,5% dos adolescentes ouvidos na pesquisa associaram sua ‘ideação suicida’ ao Instagram”. Não bastasse a estatística pouco crível, o Facebook ainda lança uma cartada legalista que deveria servir mais para culpá-lo do que para desculpá-lo: as crianças não têm permissão para ter Facebook.

Se o Facebook admite que crianças não são permitidas, não seria de esperar que ele se empenhasse um pouquinho em impedir a sua entrada? Ora, o Facebook às vezes pede documentos a maiores de idade. O Facebook mostra muito empenho em estimular a denúncia de opiniões proibidas, como a ex-fake news da origem laboratorial do coronavírus. O que o impede de fazer uma campanha em prol da denúncia de perfis de menores de idade?

Os pais

De minha parte, fico surpresa com o fato de ter se tornado banal criança ter smartphone e rede social. Por alguma razão incompreensível, pais acham que é uma boa ideia deixar crianças com um aparelho que permite a gente de literalmente qualquer canto do mundo acessar as crianças de modo íntimo. Dê um smartphone a uma criança de dez anos e um burro velho poderá conversar com ela fingindo ter a mesma idade. Permita que uma criança de 12 anos se filme dançando no Tik Tok e um pedófilo poderá se interessar por ela de lá do Japão. Ou da esquina ao lado.

Francamente, se tem tanto pai deixando isso acontecer, só posso concluir que tem um monte de pai idiota. E quem paga pela idiotice dos pais são as crianças.

Não vou deixar de dizer que esses pais são idiotas. Mas consigo entender por que gente fraca da cabeça é levada a ter esse comportamento idiota em particular: é por causa da autoimagem do Facebook propagandeada por si próprio e pela imprensa comum. O Facebook é só amor. O Facebook é um espaço seguro. Monstros usam crachá de monstro porque fazem “discurso de ódio”, e o Facebook os expulsa do parquinho por meio de censura. Gente má é gente que parece má. Gente boa é a que professa o progressismo.

Esta é uma cosmovisão feita para predador deitar e rolar. O Facebook teria alguma dose de honestidade se admitisse que não é capaz de expurgar o mal da sua “comunidade” composta por milhões de usuários, de modo que é urgente tirar os menores de idade dali.

Doença mental incitada pelo progressismo

Poucos livros merecem a qualificação de urgente. Um deles é “Irreversible damage”, de Abigail Shrier, que volta e meia menciono aqui. Adolescentes do sexo feminino são o grupo populacional mais suscetível ao contágio de doenças mentais. É fartamente documentado e nada controvertido o papel que a internet teve na disseminação de anorexia e bulimia: as doentes crivam códigos para se referir aos transtornos alimentares (Ana era anorexia; Mia era bulimia) e mantinham comunidades virtuais em que trocavam dicas sobre como enganar os pais.

Esses distúrbios saíram de moda, e, como constatou Abigail Shrier, foram substituídos pela disforia de gênero. Quando uma menina diz que é trans, logo as colegas se revelam trans também. Mas, enquanto as anoréxicas tinham que esconder seus distúrbio, as disfóricas são celebradas e estimuladas a se automutilarem.

As Big Techs tacharam Abigail Shrier de transfóbica e a Amazon impediu a editora de anunciar o seu livro. Sabemos que o Facebook é “trans-inclusive” e que transfobia “viola os padrões da comunidade”. Assim, com as bênçãos do ativismo judicial, dos políticos omissos e dos pais idiotas, temos debaixo do nosso nariz a normalização de espaços de disseminação de doenças mentais. Lucram os médicos inescrupulosos que fazem mastectomias, lucram os laboratórios que vendem bloqueadores hormonais e testosterona. Depois, quando elas se arrependem e se matam, culpa é da transfobia estrutural.

Ambiente propício para predadores

Nos Estados Unidos, recentemente houve um bafafá em torno de um incidente no Wi Spa. Uma mãe foi tachada de transfóbica por ter reclamado de uma “mulher trans” que andava com o pênis meia bomba para lá e para cá, pelado na frente de menores de idade do sexo feminino. O repórter que investiga os Antifa, Andy Ngo, levantou a ficha do indivíduo e descobriu que ela já estava bem suja havia bastante tempo. Era um tarado que se masturbava na frente de mulheres. A ideologia de gênero transformou sua conduta em algo a ser protegido pelo Estado. (Notem que Andy Ngo, que já tem problemas demais, se policia para tratar o tarado no feminino.) Esse tipo de gente está online também, e as Big Techs o apoiam.

Antes a afirmação de que lésbicas não gostam de pênis não era controvertida, e qualquer tentativa de forçá-las ao sexo hétero era entendida como estupro corretivo. Hoje o fato de lésbicas não gostarem de pênis é entendida como transfobia. Agora imaginem uma adolescente que acabou de se descobrir lésbica acessando o ambiente promovido pelo Facebook.

Mas devemos crer que o Facebook é um “espaço seguro”. Afinal, o Estadão Verifica está lá checando os memes da “extrema-direita”.

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