Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo| Foto:

Seja lá qual for o resultado das eleições no próximo domingo, a partir de 2019, os conservadores brasileiros terão de responder a desafios muito diferentes e maiores do que aqueles hoje existentes.

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A agenda política e econômica do novo presidente, dos novos membros do Congresso, dos novos governadores e dos novos deputados estaduais exigirá dos conservadores e dos simpatizantes do conservadorismo uma base teórica e prática do pensamento conservador e de uma política conservadora que muitos hoje, de forma compreensível, não têm.

Por falta de conhecimento básico acerca das ideias e da nossa própria tradição conservadora do século 19, uma parcela numerosa dos conservadores, principalmente aquela que despertou para o conservadorismo por causa da eleição presidencial, reduz ambos, ideia e prática conservadoras, a uma agenda restrita a posições a favor da família, contra o aborto, contra a esquerda, contra o desarmamento, contra a militância gay, dentre algumas outras. É compreensível que assim seja, mas o conservadorismo não se reduz nem pode ser reduzido a apenas esses elementos que o integram.

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O conhecimento mais amplo acerca do conservadorismo é fundamental para entender o perigo de ações sociais, políticas e econômicas que parecem sensatas ou corretas, mas que escondem medidas de engenharia ou controle social, de ataques aos diferentes modos de vida, disfarçadas de combate à corrupção, à pobreza, ao discurso de ódio, à sonegação fiscal, à discriminação, aos preconceitos racial ou sexual.

Seja no primeiro ou no segundo turno, se os eleitos forem em sua maioria de esquerda ou fizerem parte de certa prática degenerada da política brasileira, os conservadores terão de cumprir a sua responsabilidade de estudar, aprimorar, defender e difundir o conservadorismo ao mesmo tempo em que terão de combater politicamente, em várias frentes de batalha, as ações daqueles que estiverem à frente dos governos federal e estadual. O ambiente será, certamente, ainda mais hostil e o trabalho será ainda mais difícil do que é hoje.

Caso o presidente e uma parcela dos parlamentares e governadores sejam de direita (conservadora ou não conservadora), outro tipo de desafio se apresentará ao conservador: promover e apoiar uma agenda política conservadora ao mesmo tempo em que deverá orientar os políticos que não têm muita noção do que é o conservadorismo e fiscalizar as suas ações. Os conservadores, especialmente os intelectuais, poderão cumprir uma função especial de orientação para ajustar a rota da ação política dos eleitos vinculados à direita.

Outro ponto importante é evitar um erro fácil de ser cometido: no afã de apoiar um político conservador ou da direita não conservadora, minimizar e até mesmo elaborar as mais espatafúrdias justificativas para defendê-lo de seus equívocos. O erro nem sempre pode ser evitado, mas corrigi-lo é imperativo ético. O conservador deve estar pronto para formular críticas inteligentes, orientar antes de o erro ser cometido e sugerir soluções para saná-lo. Se não o fizer, será cúmplice de atos que podem comprometer a incipiente inserção do conservadorismo na política formal.

Para os estudiosos e conhecedores que assumiram a responsabilidade de divulgar e defender o pensamento conservador no Brasil, há, no âmbito da política formal, uma nobre missão que lhes cabe: ajudar a elevar o nível geral do debate, formar novos e orientar os atuais políticos com agenda conservadora e contribuir para que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e as suas instituições funcionem adequadamente, ou seja, sem corroer ou destruir o que temos de melhor na esfera social e sem atrapalhar a nossa prosperidade econômica.

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Como o conservadorismo é o verdadeiro progressismo, os conservadores podem auxiliar nessa árdua tarefa de fazer do nosso país um lugar onde as pessoas desejam viver e planejar seu futuro, não um lugar que muitos, num momento como este, fazem planos para abandonar em busca de uma vida melhor em outro país onde, na política, o conservadorismo já contribui positivamente.