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O racismo ainda é uma marca da sociedade brasileira, fruto, dentre outros fatores, do sistema escravista abolido há pouco mais de cem anos. Uma sociedade que, por quase de 400 anos, estabeleceu, por lei, a diferença entre as pessoas em razão da sua cor da pele não tem como curar essa chaga pela mera mudança da lei. As marcas históricas, sociais, econômicas e culturais demandam medidas afirmativas em busca da igualdade real.
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Não somos os únicos a ostentar a vergonha da injustiça racial no mundo – embora o Brasil ostente a triste condição de ter sido o último país das Américas a abolir a escravidão, o que deve ser um motivo especial de vergonha nacional.
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Entre outros países que, no passado, estabeleceram por lei a diferença entre negros e brancos destacam-se também os Estados Unidos e a África do Sul, que, ainda hoje, mesmo em regimes de igualdade de todos perante a lei, ainda precisam lidar com as consequências de séculos de violência contra os negros.
Nesses locais, assim como aqui, os negros ganham menos que brancos, vivem nos piores bairros, são maioria nas cadeias e têm menos acesso à educação. E justamente por isso, esses países esforçam-se para promover medidas afirmativas reparatórias do passado vergonhoso.
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Nos Estados Unidos reserva-se um dia em homenagem a Martin Luther King, líder do movimento negro norte-americano. É feriado. O dia é respeitado por uma razão simples: é um dia de orgulho e memória por uma causa sagrada da sociedade republicana. Claro, pessoas viajam e aproveitam o tempo livre, como é comum em qualquer dia de folga, especialmente quando emenda. O turismo comemora.
Por isso, não deixa de chamar atenção que um país que precisa tanto reconhecer sua própria história faça esforços para negar o reconhecimento oficial do dia da consciência negra. Argumentos como “excesso de feriados” e “efeitos negativos para o comércio” não convencem, simplesmente porque são falsos. As folgas são úteis para a economia, especialmente para setores como turismo e lazer. A oposição a feriado esconde, na verdade, a explicação mais plausível: é uma tentativa de esconder a parte da história nacional que pertence à população negra.
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